“a felicidade e a dor”.

 



Nesses vídeos que circulam pela internet, pelo whatsapp, muitos são lugares comuns, mas algumas vezes encontramos alguma pérola. É o caso do vídeo do prof. Luís Henrique Beust falando sobre a nossa busca incessante da felicidade e de como nesta busca é inevitável que passemos em alguns momentos pelo caminho da dor.

Vejam o que ele escreve, com algumas pequenas correções ortográficas e de estilo:

É muito natural as pessoas terem medo do sofrimento e desejarem permanentemente a felicidade. Virou até uma moda no Brasil dizer que “o importante é ser feliz”.

Mas isto está errado, pois o importante não é ser feliz, mas ser bom.


Se nós formos bons, com bons pensamentos, boas palavras e boas ações, então nós seremos felizes e faremos os outros felizes. Mas se nós quisermos ser felizes (acima de tudo), este fim irá justificar qualquer meio e com isto nós faremos os outros infelizes, roubando, traindo, mentindo. E nós também acabaremos infelizes porque não é qualquer ação que nos leva à felicidade. A felicidade naturalmente vem do bem. Tanto é assim que as pesquisas sobre pessoas deprimidas, seriamente deprimidas, clinicamente deprimidas, e que muitas vezes não reagem à medicação adequadamente, demonstram que levá-las a um sopão onde à noite elas servirão o jantar a moradores de rua e têm a oportunidade de conversar com estas pessoas é um dos mais poderosos modificadores de ânimo que se conhece. Ser útil a uma pessoa numa situação pior do que nós, é um tremendo modificador de ânimo.


Então vemos que felicidade e infelicidade são coisas muito relativas. Um dos maiores gênios do século XX, Victor Frankl, criador da logoterapia, disse que se a vida tem um propósito, então o sofrimento tem um propósito também. E Dostoievski, que é outro gênio e que também sofreu muito, disse que a única coisa que ele temia era não ser digno dos seus sofrimentos. Por que? Porque o sofrimento aprimora o homem. O sofrimento é uma das leis da natureza. Se nós olhamos para uma pedra preciosa que está no estado bruto, vemos que ela é feia. Mas, se nós cortarmos as suas facetas, ela brilhará como brilha um rubi, uma esmeralda, um diamante. Uma planta quando não é podada, fica toda desmilinguida e fraca. Mas quando é podada, começa a crescer com uma força enorme. A terra que não é arada, não é sulcada, não é machucada, não é fértil. Tudo no universo é assim.


É através de sofrimento que vem para fora a beleza, é através do sofrimento que ocorre o refinamento, é através do sofrimento que vem a grandeza. Todas as grandes almas, seja em que campo for, no campo religioso, na filosofia, nas artes, em qualquer campo que analisarmos, foram almas que sofreram muito. Mas fizeram uma magia, uma mágica, uma transformação: fizeram que o sofrimento fosse fonte de grandeza e não de dor. Esse é o grande segredo que cabe a nós descobrirmos: como transformar a poda em crescimento; como transformar a lapidação em brilho; como transformar o sulco do arado em fertilidade – 
Prof. Luís Henrique Beust
, (https://www.youtube.com/watch?v=sbbKQ47h7RI).

Como são interessantes estas palavras, não é verdade. O lugar comum é dizer: “o importante é ser feliz”. Mas quando dizemos estas palavras, normalmente estão embutidas estas ideias: o importante é ser feliz (a qualquer custo) e fugindo de todo sofrimento. E o Prof. Luís Henrique de uma maneira simples e profunda mostra que esta afirmação não é correta.

 

O importante é ser bom e sendo bons, seremos felizes. E não seremos felizes sem passar pelo sofrimento, pois o sofrimento nos transforma, nos lapida, nos dá mais força, nos torna mais belos, nos torna mais frutuosos.

Pensemos nestas ideias e, quem sabe, mudemos o nosso discurso da felicidade para “o importante é ser bom e fazer do sofrimento uma ocasião de crescimento, de enriquecimento, de brilho”.

Uma santa semana a todos!

(*) Padre Paulo M. Ramalho

falar.paulo@gmail.com

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