Homem e mulher não foram criados para a solidão. Frutos do amor e encarnados no amor, homem e mulher só podem existir dentro da arte de amar. Em amor, amar. É na arte do amor que eles se firmam enquanto ser pessoa. A pessoa homem é a dimensão masculina do amor. A pessoa mulher é a dimensão feminina do amor. Os dois formam as duas faces do verdadeiro rosto, chamado amor. São duas faces que se amam no mesmo amor. Um foi feito para o outro e nisso, se firmam como rosto amoroso do ser pessoa. Portanto, é importante que tanto um quanto o outro saiba o que significa amar, amando. Amar é olhar para a outra pessoa admirando-a, numa profunda e perdida contemplação duradoura. Amar é entrar num diálogo que aprendeu primeiro ouvir e só depois falar. Amar é falar sem falar, porque tudo é percebido dentro de uma sensibilidade que vai além da sensibilidade. Amar é dar de presente a presença. Ser presente. Olhar com o olhar. Amar é se mostrar, tornar-se espelho e permitir que o outro se veja, vendo você. Amar é ver a si próprio, vendo-se no outro como outro você. Amar é morar na casa do outro, em casa mesmo. É assim que um alimenta o amor do outro como uma verdadeira fonte de amor. Quem ama, ama porque é fonte que se faz ponte aonde o amor vai e vem. E, desse modo, pulsando em amor, cada cônjuge passa a viver com dois corações. No peito dele, pulsa também o coração dela. No peito dela, pulsa também o coração dele. Ela e ela, agora são Ele. Ela e ele agora são Ela. Quando um homem e uma mulher que se amam comunicam esse amor conjugal, acabam revelando que ser gente é simplesmente ser amor encarnado. Pe Valdemar Cardoso