(Missa da Ascensão do Senhor. Palavra de Deus: Atos dos Apóstolos 1,1-11; Efésios 1,17-23; Marcos 16,15-20) Como é a trajetória de uma vida? Tanto biológica quanto em termos de capacidade de realizar coisas, a vida começa cheia de energia e de possibilidades, desenvolve-se, atinge o seu auge, passa a sofrer os desgastes próprios do tempo, aos poucos se enfraquece, declina, morre e é enterrada. Seja no sentido biológico, seja no sentido da capacidade de realização, a nossa vida pode ser representada por uma curva que termina para baixo. Mas, será assim também no sentido do nosso amadurecimento humano e espiritual? Ao narrar a Ascensão, a elevação de Jesus ao céu, São Lucas diz que ela aconteceu no final de um período de quarenta dias após a ressurreição (cf. At 1,3.9). Simbolicamente, o número “quarenta” pode representar, na Bíblia, a duração de uma vida. A conclusão da vida de Jesus não foi o seu declínio, mas a sua elevação ao Pai, com quem Jesus procurou estar em comunhão todos os dias de sua vida terrena, por meio da oração. Pense um pouco: como será a conclusão da sua vida? Ainda que no sentido biológico a curva da sua existência declinará gradativamente, no sentido espiritual você tem se elevado até Deus ou tem se afastado dele? A Psicologia nos ensina que quando passamos da metade da vida, precisamos começar a nos despedir das nossas manias de grandeza, da nossa ilusão de darmos conta de tudo, da nossa pretensão de sermos eternos e insubstituíveis. Gostemos ou não, aceitemos ou não, o fato é que a curva da nossa existência cedo ou tarde começa a declinar, e este é o sinal de que chegou a hora de começarmos a “aliviar a bagagem”, a abrir mão de tantas coisas periféricas e supérfluas nas quais nos agarramos, e ter assim as mãos livres para nos agarrar às mãos d’Aquele que um dia nos elevará junto de Si no céu. Antes de partir para o céu, Jesus prometeu revestir seus discípulos do poder do Espírito Santo, para serem testemunhas dele por toda a terra (cf. At 1,8); Ele quis que seus discípulos saíssem pelo mundo inteiro anunciando o Evangelho a toda pessoa. Isso também diz respeito a cada um de nós. Onde quer que você se encontre, deve anunciar o Evangelho, ser o Evangelho para aqueles que convivem com você no dia a dia. Suas palavras, suas atitudes, sua vida tem comunicado o Evangelho às pessoas? Qual a mensagem que a sua vida terá deixado para as pessoas, depois que você partir? Hoje é o Dia Mundial das Comunicações. Sabemos que o mundo atual é uma imensa rede, onde as pessoas estão conectadas umas às outras, principalmente via celular e internet. O uso que você faz do celular e da internet está te elevando até Deus ou está te afastando dele? O uso que você faz do celular e da internet eleva as pessoas com as quais você se comunica até Deus ou as afasta dele? O que você poderia fazer para aproveitar os recursos da tecnologia digital e anunciar o Evangelho, anunciar a pessoa de Jesus Cristo, para as pessoas com as quais você diariamente se conecta? A Ascensão de Jesus contém um apelo para cada um de nós. O mesmo Jesus que se elevou ao céu é aquele que, estando na terra, entrou em comunhão com o declínio humano. Desse modo, somos chamados a nos colocar junto a toda pessoa cujo coração está declinado, caído, para reascender nela o desejo de se elevar, para devolver-lhe a condição de se elevar. Que o Espírito Santo, a força do Alto, nos torne capazes de comunicar para as pessoas decaídas uma mensagem que as eleve, seja por meio das nossas palavras, seja por meio das nossas atitudes, seja por meio da nossa própria vida. Que ele também nos confirme como filhos e filhas do céu, destinados à comunhão com o Pai e seu Filho na glória do céu. Pe. Paulo Cezar Mazzi