Aos 25 anos, ele já havia ingressado na Faculdade de Medicina, sido paraquedista do exército dos Estados Unidos, trabalhava como ator de teatro e tinha sido noivo. A vida do jovem norte-americano João Drexel parecia ter rumos certos na segunda metade da década de 1950, mas apenas parecia. “Com 25 anos, comecei realmente a pensar em algumas coisas: quem sou eu? Onde estou? o que estou fazendo? E para aonde eu vou?”, contou, ao O SÃO PAULO, o hoje padre, que celebrou os 50 anos de ordenação sacerdotal no sábado, 3, na Catedral da Sé. De família católica, certo dia João encontrou-se com um padre da congregação dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada e dele recebeu o convite para o sacerdócio. Após discernimento vocacional e ingresso no noviciado, fez os primeiros votos na congregação e, na sequência, estudou quatro anos de teologia em Washington. Ordenado padre em junho de 1962, foi enviado em missão para o Brasil em setembro daquele ano e desde então vive a vocação, especialmente em favor das crianças e adolescentes em situação de vunerabilidade social. Muitas dessas, hoje atendidas pela Associação Maria Helen Drexel, fundada pelo padre em 1973, levando o nome de sua mãe, e também pelo Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca) da Luz, que ele ajudou a criar em 1992, estiveram na Catedral da Sé para a missa, presidida por dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau (SC) e concelebrada por dom Fernando Penteado, bispo emérito de Jacarezinho (PR) e outros 20 padres, entre os quais o provincial dos oblatos, padre Rubens Pedro Cabral. “De maneira maravilhosa, nosso padre João tem sido profeta, tem entregue a vida para o trabalho junto a Jesus homem de rua, a Jesus nas crianças”, lembrou dom Angélico, na homilia, “é por esse testemunho vivo que nós louvamos e agradecemos a Deus por esses abençoados 50 anos do nosso querido padre João Drexel”, enfatizou. Ao final da missa, o jubilando acolheu mensagens de agradecimento de integrantes das pastorais sociais e também as enviadas pelo cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, e foi homenageado por crianças e adolescentes da Associação Maria Helen Drexel. “A catedral está quase cheia porque vocês acreditam naquilo que eu acredito: um mundo melhor”, expressou, em agradecimento. “Tudo o que o João é hoje, aos 50 anos de padre, foi o reflexo dos outros que acreditam comigo em outro mundo. Por causa disso, nós mergulhamos na realidade brasileira para tentar ser um instrumento de mudança social, política, econômica, cultural, religiosa e ética. Isso me deu vigor, me deu vida, porque eu acredito profundamente que Jesus se revela através do outro”, comentou à reportagem, o padre que em 14 de junho completará 80 anos de vida.