Quaresma vivendo a Fraternidade e vida: Dom e Compromisso
Para nos ajudar na caminhada quaresmal, a igreja do Brasil nos oferece a cada ano um aprofundamento de sua prática cristã meio da campanha da fraternidade. Em 2020 proclama que sua vida é “dom e compromisso”.Seu sentido consiste em ver, solidarizar-se e cuidar: Viu, sentiu compaixão e cuidou dele(Lc 10, 33-34).
Como incentivo a igreja nos apresenta um modelo a seguir: Santa Dulce dos pobres que soube encarnar com perfeição o exemplo do bom samaritano, exemplo este proposto pelo próprio Jesus Cristo.
Todas às vezes que se inicia a campanha da fraternidade, ocorrem várias perguntas. Entre elas:
- Por que uma campanha da fraternidade?
- O que ela significa?
- Porque é realizada no período quaresmal?
- Como vivenciar a campanha da fraternidade?
Vamos a algumas respostas.
Para que uma campanha da fraternidade seja a essência da vida cristã, o centro do evangelho, é o amor fraterno? Toda a evangelização e toda a catequese é uma campanha da fraternidade, pois, o anuncio da palavra de Jesus deve levar a viver como irmãos, prontos a se doar, a servir e a partilhar a vida e os bens, enfim amar como Jesus amou, pois este é o seu novo mandamento – Amem uns aos outros assim como eu vos amei, se tiverem amor uns pelos outros , todos saberão que vocês são meus discípulos. (Jo 12,34).
Exatamente por se tratar da essência do evangelho, a igreja, como boa mestra e conhecedora das fraquezas de seus filhos sente a necessidade de escolher em tempo ao longo do ano litúrgico para refletir sobre a necessidade de viver como irmãos, na solidariedade, no amor, na prática das obras de misericórdia, utilizando todos os meios ao seu alcance e abrangendo crianças jovens , famílias, o mundo político, a economia e a comunicação. Trata-se de um grande mutirão, unindo todas as forças da igreja e da sociedade: uma verdadeira campanha a favor da fraternidade entre os homens , independente da religião, partido político, raça, cor ou classe social.
O tempo escolhido para esta campanha é a quaresma, pois é tempo litúrgico, mas favorável. De fato a quaresma é tempo de oração mais intenso, quando os cristãos são convidados a viver em maior intimidade com Deus e se alimentar com sua palavra.
No encontro com Deus e com sua palavra, o cristão descobre o irmão como filho muito amado pelo pai e se convence das palavras de Jesus – “Tudo o que fizerdes a um dos meus irmãos é a mim que o fazeis” (Mt 25,40)
A quaresma é tempo de jejum. O jejum quaresmal faz parte da mais antiga tradição da igreja, não se trata apenas de um ato de sacrifício privando o corpo de um pouco de alimento, mas de uma renuncia que nos leva a partilhar um pouco do nosso alimento com aqueles que passam necessidade. Trata-se de um jejum que fortalece o sentimento de fraternidade.
Quaresma é tempo de praticar a esmola, por que é tempo de conversão. A conversão só é verdadeira quando somos capazes de repartir com os pobres os nossos dons e parte de nossos bens. Aos que, ouvindo a pregação de João Batista, se convertiam e perguntavam a ele o que deviam fazer, o profeta respondia: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem e quem tiver alimento reparta com quem não tem” (Lc 3,11). O sinal autentico da conversão é a partilha dos bens.
Como viver, então a campanha da fraternidade?
A cada ano, a igreja do Brasil nos oferece subsídios focalizando o tema escolhido, neste ano de 2020 somos convidados a refletir sobre a vida como dom e compromisso; somos responsáveis pelo dom da nossa vida e da vida de nossos irmãos. Longe do cristão o exemplo de Caim que disse: “Por acaso, sou guarda de meu irmão? (Gn 4,9). Mas pelo exemplo apresentado por Jesus com a parábola do bom samaritano: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10, 33-34). Foi este o exemplo que inspirou e orientou toda vida e obra de Santa Dulce dos pobres.
Somos, pois, convidados a refletir pessoalmente, em família, em grupos de rua, sobre os temas propostos pelos subsídios oferecidos pela nossa paróquia ou outras.
Precisamos intensificar nossa vida de oração, dedicando mais tempo a leitura e meditação da palavra de Deus e a intercessão em favor dos nossos irmãos. O Papa Francisco nos lembra que “rezar não e tanto buscar momentos de paz e de conforto espiritual, mas levar para Deus as necessidades de todos os irmãos”. A intercessão é o primeiro e mais importante gesto de fraternidade.
De fato, mesmo com toda a nossa boa vontade, nós somos extremamente limitados, mas o senhor pode e quer nos socorrer, suprindo todas as nossas necessidades da humanidade. Pala vontade do próprio Deus, a graça é considerada a nossa intercessão. Por isto o senhor pede que sejamos confiantes na nossa oração.
A oração no ajuda a abrir o coração e também nos dá a coragem necessária par abrir nossos bolsos, para realizar gestos concretos de misericórdia.
A coleta de recursos materiais em se realiza anualmente no final da campanha da fraternidade é um sinal da conversão operada em nós ao longo do caminho da quaresma e do novo caminho de partilha e de solidariedade pretendemos empreender, a parir das orientações do evangelho. Esta será a nossa páscoa.
Fraternidade e vida: Dom e compromisso de todos os dias, mas sobretudo nesta hora de pandemia, quando somos chamados a multiplicar os nosso cuidados com a nossa vida e com a vida de todos os irmão e da nossa casa comum o nosso planeta.
Domenico Rossi (Bruno Rossi – Missionário MEAC 03/04/2020)