Batismo é um direito ou uma graça?

Ao olhar o título deste artigo você talvez pergunte o porquê, afinal não teria outro assunto mais interessante para tratar? Amigos, a minha primeira missão é viver e anunciar o Reino de Deus, para tanto, os sacramentos são fundamentais, pois são sinais visíveis da graça invisível. Assim, já escrevi sobre a doutrina católica a respeito do matrimônio em relação às pessoas em outras núpcias. Com o mesmo intuito de esclarecer e catequizar é que agora trato do Batismo, aproveitando os modernos meios de comunicação, já que há uma controvérsia grande na cabeça de algumas pessoas. Muitos indivíduos me procuram para realizar batizados de seus filhos, o que me alegra muito, mas nas conversas preliminares encontro aqueles pais que tendo as condições de casar-se, pois vivem juntos, às vezes, já há muitos anos, não querem o matrimônio, somente desejam a cerimônia sacramental dos filhos. Até aqui, olhando pelo prisma da atualidade, onde tudo é permitido, parece legítimo. Todavia vamos aprofundar a questão. A Igreja Católica, fundamentada na Bíblia, professa sete sacramentos, dos quais o Batismo é a “porta de entrada” e os outros são consequências natural deste, portanto, não é possível um católico desejar o sacramento do Batismo se não tiver em vista os demais, que na ordem seria a Penitência, Eucaristia, o Crisma, o Matrimônio e/ou Ordem (sacerdócio) se for vocacionado para tal, assim como, no final da vida ou na doença, a Unção dos Enfermos. Desejar o Batismo e descartar os demais é uma incoerência, pois o Batismo sendo o sacramento que introduz o fiel na comunidade não pode ser recebido se os pais que o querem para seus filhos não são capazes de assumirem a responsabilidade de educá-los na doutrina católica, o que pressupõe viver os demais sacramentos e preceitos da fé professada, participando ativamente da comunidade. O que pode dizer um pai que pede à Igreja o Batismo para seu filho ainda criança se ele não pratica os outros sacramentos? Não estará dizendo que fez uma encenação ou que tinha superstição de mau olhado? Quem pede a Igreja ou a quelquer instituição um dos seus dons ou serviços, deve ser capaz de assumir a responsabilidade por aquilo que solicitou. Por isso, na paróquia Cristo Rei, na cidade de Laguna Carapã, tenho procurado conscientizar que não se pode assumir o primeiro sacramento, sem que os pais tenham recebido o matrimônio, pois, às vezes, alguns mesmo sem o batismo, querem batizar ou serem padrinhos, veja a que ponto chegamos, não diria má vontade, mas uma total desinformação. Outro inconveniente, que gera incompreensões, são aqueles que querem ser padrinhos vivendo juntos ou em segundas núpcias, ora, se um sacramento não está contra o outro, devo saber que para ter o direito a receber um, preciso estar de acordo com os demais. Usando uma metáfora comercial, alguém só recebe crédito nos bancos quando seu nome está em dia com os mesmos, na Igreja, que às vezes é acusada de relapsa, querem fazer diferente. As leis humanas a gente obedece, as divinas nós damos um jeito de burlar. Jesus teve grandes discussões com os fariseus exatamente sobre isso. Desta forma, a Igreja não quer impedir ninguém às coisas sagradas, mas ela não tem autoridade para vender sacramentos, só pode dá-los se o receptor estiver de acordo com os preceitos estabelecidos por Cristo, por isso, nem um padre ou bispo, em particular, pode se arrogar o direito de fugir da doutrina criando a sua própria para privilegiar pessoas, ou interpretar a seu bel prazer aquilo que ele não criou, mais recebeu como mandato de Jesus. E quem participa destes atos, sem as devidas condições está também encenando e fazendo uma ação ilegítima. Pe. Crispim Guimarães Pároco da Paróquia Cristo Rei Laguna Carapã

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