A vida é feita de escolhas. Encruzilhadas existem e a todo o momento nos forçam opções. Esquerda ou direita, planícies ou montanhas, porta larga ou estreita? Dia a dia vamos vencendo etapas, trilhando o caminho, tendo em mente uma meta, um ideal. Todos, sem exceção, somos movidos por esse estranho magnetismo ao qual denominamos vocação. Porém muitos se deixam vencer e desistem no meio da jornada. Para estes, o futuro é uma nebulosa constante. Aqui nascem os frustrados. Partindo do princípio de uma escolha pré-determinada, a vocação é sempre um chamado divino, uma determinação, um privilégio com o qual nascemos. Escolha e serviço. Jeremias, o profeta, ainda menino ouviu a voz de Deus a lhe revelar: “Antes do teu nascimento eu já te conhecia e te havia designado uma missão”. A ele caberia descobrir essa missão e assumi-la com alegria e destemor. Mais ou menos isso é o que se dá na vida profissional bem sucedida, cuja escolha fazemos com convicção e determinação pessoal atenta aos planos de Deus para nossa existência, nossa missão sem frustrações futuras, sem decepções pessoais. Aliás, esse é o grande segredo dos que buscam e alcançam uma vida saudável e benfazeja para si e para a sociedade. Profissional não realizado consigo mesmo e com sua área de atuação é a maior peste hoje presente nas várias áreas da coletividade humana: prestam um desserviço com suas frustrações e incompetência. Daí que a questão vocacional deveria ser mais bem avaliada em todos os setores das atividades humanas. Não é problema estritamente religioso ou de cunho pessoal, mas de harmonia e sucesso coletivo. Um bom professor, um padre santo, uma faxineira zelosa, um político honesto, um médico competente… É o que esperamos de cada profissional que cruza nossos caminhos. Certamente, não é o que realmente encontramos. Profissionais frustrados e incoerentes com suas práticas e opções de vida estão nos levando à bancarrota, ao caos social. Quem perde e quem ganha? Ambos os lados só perdem, porque se ao povo sobra o ônus de um atendimento precário e muitas vezes desastroso, ao profissional fica a frustração de uma vida sem o clímax da própria realização ou os dissabores de uma consciência a lhe cobrar diuturnamente pela opção incorreta. Essa é a razão de considerarmos divinas nossas escolhas vocacionais. Um “sim” aos planos de Deus. Também o agnóstico – aquele que não professa qualquer tipo de crença ou relação transcendental – traz consigo o selo de uma escolha pré-estabelecida em suas vidas. Podem até camuflar essa escolha com outros nomes (dons, qualidades, talentos, herança genética, etc), mas no fundo resta tão somente nossa origem e função determinada. Ninguém nasce formado, dirão alguns, mas todos nascemos configurados e inclinados a desenvolver as prerrogativas de uma missão na vida. Somos chamados pela lei de uma ordem natural a fazer nossa escolha e desenvolvê-la com nossos esforços. Isso é vocação. Isso é escolha certa. Missão humana. Todo ser humano tem seus sonhos e busca alcançá-los. Vida sem esses pressupostos apenas desqualifica nossa existência. Fugir desta verdade é escolher a porta larga dos oportunismos, da lei do menor esforço e das frustrações e decepções futuras. Por isso se diz que o propósito da vida é descobrir nosso propósito de vida. Sem Deus, sem atenção à sua voz e determinação, nada somos, nada seremos. Exatamente neste aspecto é que Jesus nos aponta a porta estreita. Daí a necessidade que temos de conhecer e compreender os desígnios de Deus em nossas vidas. Um teste vocacional é sempre salutar, mas uma sintonia maior com a realidade espiritual (aquilo que a fé nos ensina como plano de Deus em nossas vidas) é o caminho mais curto da realização humana. Pena que não mais se ensine isso para nossos jovens! Não à toa convivemos hoje com tantos profissionais inconformados em suas áreas. Nossas escolas profissionalizantes priorizam antes as necessidades do mercado, não do aluno. A sociedade consumista coloca o ter à frente do ser. A política cava o domínio do poder com os instrumentos da corrupção e das incongruências partidárias. Muitos religiosos reeditam o comportamento de uma raça de víboras, vendendo e “facilitando” as graças do Reino. Aos “pequeninos” sobram as migalhas da mesa farta. Até quando, Senhor? WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br