Você deve ter tido a oportunidade de participar da missa em diversas comunidades e, assim, deve ter percebido comportamentos diferentes em alguns momentos da celebração. No Ofertório, por exemplo, existem paróquias nas quais uma cestinha é entregue a quem está sentado no primeiro banco, que vai passando aos demais e, depois, uma pessoa se encarrega de retomá-la quando o último depositar a sua oferta. A cesta é, então, levada aos pés do altar. Esse é um comportamento bastante comum. Há paróquias, no entanto, que fazem diferente. No momento do Ofertório, as pessoas se levantam e se dirigem até diante do altar para ali depositar suas oferendas a Deus. Há um simbolismo maravilhoso nessa ação. O Ofertório é o momento em que, após termos ouvido a Palavra de Deus, de termos sido orientados por ela, o próprio Deus nos convida a nos alimentarmos de Sua presença viva na Eucaristia. A Eucaristia é a presença do Deus Vivo no Santíssimo Sacramento. É o próprio Deus que se faz presença no pão e no vinho consagrados: “Fazei isso em memória de mim”. “Quem comer deste pão, viverá eternamente”. O Ofertório, por sua vez, é quando se revive o sacrifício da redenção da humanidade. Sacrifício do próprio Deus, feito homem na pessoa de Jesus Cristo, para resgatar do pecado cada filho de Deus. No Ofertório, portanto, é o próprio Cristo que se faz vítima mais uma vez. Nossa participação é de quem recebe a maior das ofertas, o maior dos presentes: a salvação e a vida! Por isso, no Ofertório nos colocamos diante do altar para reconhecer que aquele é o verdadeiro e único sacrifício que salva; ali se encontra a vítima imolada que por amor resgatou a todos para a vida plena em Deus. E assim, em reconhecimento de que é o nosso Deus que se entrega por nós, também nós nos entregamos a Ele. Aqui talvez resida a grande diferença entre um comportamento e outro. Quando a pessoas ficam sentadas e simplesmente depositam (ou não) uma quantia em dinheiro numa cestinha, tem-se a impressão de uma esmola. É muito difícil (se não impossível), compreender e participar do sacrifício que se renova no altar com essa atitude, esse comportamento. Por outro lado, ao caminhar até o altar, o participante reflete em seu ato, ora, coloca-se em ação e pensa sobre o que vai colocar como oferta. É como se, num instante, revivêssemos a caminhada do povo de Deus no deserto rumo à terra prometida, a uma vida nova. O Ofertório nos permite caminhar para o altar onde o Cristo se imola e promete uma nova vida, da qual basta nos apropriarmos. O Ofertório nos permite buscar no coração (e não no bolso) a oferenda preciosa que será depositada no altar do sacrifício divino. Cristo se entrega na cruz e morre por nós; nós nos entregamos ao Cristo no altar e morremos para este mundo, pois Ele é a garantia de uma vida nova. E é essa vida que queremos. Uma vida em Cristo, com Cristo e por Cristo. Agora, fazemos parte do Ofertório ao Pai. A vida que o Cristo entregou ao Pai leva, agora, a nossa vida também. E isso é feito por amor, por fé e livre opção de cada um que crê que no altar realmente renovamos o sacrifício da salvação. Portanto, participando do sacrifício salvífico do Cristo também podemos participar da sua Ressurreição, e é o que fazemos quando, logo em seguida, novamente nos dirigimos ao altar. Desta vez não para entregar, mas para receber. Receber a vida plena no Cristo que venceu a morte e se faz presença na hóstia consagrada. No Ofertório o Cristo nos revela o Seu mais sublime ato de amor pela humanidade ao entregar-se na cruz. Na Eucaristia, Ele mesmo nos revela seu mais sublime ato de partilha, quando se dá por inteiro a cada um que se propõe a um encontro verdadeiro com o Cristo Sacramentado. Na próxima missa, não importa em qual paróquia ou comunidade esteja, viva assim o Ofertório, reconhecendo o sacrifício que salva e fazendo também da oferta da sua vida a mais preciosa oferenda a Deus. E quanto ao valor material da oferta? Disso falaremos no próximo artigo. Odilmar de Oliveira Franco MEAC – Missionários para Evangelização e Animação de Comunidades Palmeira – PR – (42) 9947 7212 – odilmar@meac.com.br