Banalizar uma graça é sobrepor-se ao amor, a força criadora que move nossas vidas. Amor que é Deus. O maior dilema de um coração endurecido pela prepotência de seus atos e aparente capacidade de gerir os próprios dramas e dilemas, é a falta de gratidão. Hoje dou graças. E a Deus, fonte da vida, princípio e fim, dono de tudo, do corpo e da mente, da vida e da morte. Obrigado, Senhor!
Obrigado pela oportunidade de agradecer; pelo privilégio puro e simples de sentir em nossas vidas a mão generosa e providente de seu amor, sua proteção, sua predileção. Quem um dia vê renascer, dentre as cinzas de suas provações, a graça de nova oportunidade, não tem alternativa senão a da gratidão.
Obrigado pela prova que nos destes e sempre nos dá, para dela sairmos vitoriosos, alegres pela compreensão dos limites e das capacidades que possuímos. Elas nos ajudam a decifrar seus enigmas, nossas equações na escola da vida. Não há aprendizado sem testes; sem provar nosso desempenho.
Obrigado pelos colegas de classe, cuja fé demonstra alegria e amor à vida, maior riqueza dentre todos os dons dispensados à perfeição de sua obra maior: nós, sua imagem e semelhança. Vida que se renova sempre, mesmo na iminência das fatalidades. A vida nos reserva a esperança da eternidade, o outro lado dessa história de Amor.
Não agradeço apenas por uma eventual graça, dentre tantas que dispensa diuturnamente a nós todos, filhas e filhos gerados pela dor do calvário. O mesmo que nos devolveu a esperança, através das chagas do seu “Filho bem amado”, no qual se derramou toda sua complacência. Quem nos dera compreender o sentido de nossas cruzes e por elas também dar graças! O segredo é ter sempre presente o alerta de seu Filho: “No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33).
A fé é a misteriosa fonte da coragem que nos falta. Principalmente quando nossa fraqueza é resgatada pela solidariedade e fé de tantos e tantos Cirineus ao nosso lado. Solidários na dor e na oração. Vozes que também clamam nesse deserto de angústias, vale de lágrimas para muitos, porém de purificação e redenção para os que creem. Fé, única força capaz de superar as montanhas das limitações terrenas. Único atributo para “vencer o mundo”!
Por isso agradeço. Pelos sinais que nos destes e continua a nos dar como prova de sua predileção “por aqueles que escolhestes”. A estrada é sinuosa, os caminhos estreitos, mas o cenário… Oh, Senhor, como é bela a luz no fim do túnel! Quão maravilhosos os pastos verdejantes após a seca, a queimada, a geada. Após o inverno vem a primavera. Após a tempestade, a bonança. Há sempre a alegria da vitória, a sensação de Paz e realização pessoal para aqueles que vencem um vestibular, uma prova qualquer. Essa sensação dá sentido à vida, alimenta nossos sonhos, nossa esperança. Sem ela não saboreamos e nem valorizamos nossas vitórias, por maiores ou menores que sejam. A euforia de uma conquista só é verdadeira quando acompanhada pela gratidão aos que nos ajudaram a merecê-la. Obrigado, Senhor!
Agradeço, enfim, pela vida. Essa que nos destes gratuitamente. Essa que um dia nos pedirá de volta. Porém, momentaneamente! Eis a razão de nossa fé. Eis o porquê de balizarmos nossas existências no princípio da cruz cotidiana, único instrumento capaz de propiciar a ressurreição, vida nova! Por isso, aprendamos a amar nossas cruzes, a superar nossas provações, a agradecer sempre, mesmo que nossos corações estejam dilacerados, transpassados pela dor de uma mutilação, uma perda, uma fatalidade.
Mesmo assim, é preciso dar graças a Deus. Porque seu Filho nos ensinou o amor à vida, a buscar sempre, em qualquer circunstância, a Paz; a Paz que vem do alto. “Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus; crede também em mim” (Jo 14,1).
WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br