IGREJA EM EDUCAÇÃO

Desde seus primórdios até os dias de hoje, a Igreja se tornou uma instituição de ensino por excelência, pois sua missão foi, é e sempre será fazer discípulos. Essa característica a torna única, porém não a isenta da responsabilidade de construir a fraternidade e a amizade social no contexto educacional. Dialogar, sugerir, denunciar… Ela é mãe e mestra, mas divide e delega a outras instituições a tarefa da formação humana. A educação começa em família – a Igreja doméstica – porém recebe as influências externas do meio. Essa é a preocupação primeira da atual Campanha da Fraternidade.
Porém, conhecida e preocupante é a influência massificante da babá eletrônica, a TV. “Atualmente, para assistir televisão, a população brasileira ainda dedica em média mais de seis horas por dia” (64). “Portanto, a educação do povo, em parte, está sujeita à qualidade ou falta dela na programação e conteúdo” (65) que esse meio apresenta. Há ainda o crescimento astronômico do mundo digital, a chamada educação “on-line”. Igreja e instituições de ensino perdem espaço… Mas não substituem o valor educativo da família, com ou sem pandemia, em contexto ou não de uma guerra. “Os efeitos adversos da pandemia (e da guerra) na educação… ainda serão mais bem compreendidos” (81). O que sobra é a instituição primeira do nicho familiar como célula capaz de formar e orientar para a vida.
As instituições católicas, desde seu ensino catequético até suas escolas de Ensino Superior não podem esmorecer nesse desafio ora conturbado e caótico. Diz o Papa Francisco: “É tempo de olhar em frente com coragem e esperança. Que para isso, nos sustente a convicção de que habita na educação a semente da esperança, uma esperança de paz e justiça; uma esperança de beleza, de bondade; uma esperança de harmonia social”. (Por ocasião de encontro para a Educação-15/10/2020) Em outras palavras, precisamos promover a Pastoral da Educação, tão insignificante na vida paroquial.
Não nos esqueçamos da realidade atual; “É importante destacar que o acesso às ferramentas digitais não aconteceu de maneira ampla” (117). Há ainda muitos excluídos desse mundo cibernético, lembrando que as tecnologias “podem muito, mas não podem tudo”, a Igreja se preocupa com “uma nova qualidade de exclusão social”. E uma segunda armadilha tecnológica está chegando com o “artifício para diminuição do custo professor no processo educacional’ (118). Além da possível aprimoração do EaD (Ensino à distância) como forma de diminuição de custos, há também uma ameaça de desemprego generalizada nesse meio profissional. A Igreja faz essa denúncia em alto e bom som. Cuidado, não se deixem instrumentalizar!
Uma velada justificativa constitucional tem barrado o direito do ensino religioso, especialmente o confessional. Isso representa uma ameaça às instituições educacionais de origem religiosa, que só no Brasil é responsável por significativa parcela de escolas de nível primário ao superior. Além das instituições evangélicas (em destaque as metodistas) as Escolas Católicas no Brasil estão presentes “em todos os Estados da Federação com 89 Instituições do Ensino Superior e mais de 1050 Escolas, 365 mantenedoras, 110.000 educadores, possui aproximadamente 1,5 milhões de estudantes em suas Instituições” (95). Não há como minimizar sua importância no nosso sistema educacional.
Como mãe e mestra, a Igreja não reclama seu protagonismo, mas alerta para possíveis desvios. “Seja na educação formal, como também na não formal, a educação precisa ter marcas de testemunho profético, sendo ousada e aberta à utopia” (136). Sem máscaras institucionalizadas.

WAGNER PEDRO MENEZES
wagner@meac.com.br

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