Tentar mudanças na lei dos usos e costumes de um povo é ir contra a corrente de um processo inviolável, sagrado. É usar de violência silenciosa, sagaz, mas tão sórdida como qualquer ato de violência física ou moral. É nadar contra a corrente dos que constroem ou pelo menos tentam construir uma sociedade minimamente equilibrada. Mas não é, com certeza, o que pensa uma minoria ao reivindicar direitos, passando por cima da normalidade de uma vida social que se equilibra sobre princípios, ética, moralidade e, por último, religiosidade histórica e cultural. Então aqui vai a bomba: Senado brasileiro tenta aprovar lei da homofobia! Mas onde está o pavio dessa bomba? Ante que me enquadrem no time dos contrários, devo explicações. É importante que se diga que um cristão, por mais relapso que possa ser, tem por princípio a não discriminação de quem quer que seja. Não seria eu esse louco de atear fogo numa fogueira que já arde, mas posso ao menos contribuir para que esta não ganhe maiores proporções e sapeque a todos. Qualquer proteção legal contra minorias sociais é sempre um instrumento de justiça, desde que esse instrumento não venha acompanhado de aberrações e acintes mais discriminatórios que o próprio preconceito. Entre proteger e glorificar há enorme distância. Pois no afã de mudanças, que configurem uma legislação moderna, aberta, avançada em suas cláusulas, os políticos brasileiros cometem excessos imperdoáveis. Urge nossa atenção e denúncias prévias. Já não bastasse a redundância desnecessária da lei que aprovou a união civil entre pessoas do mesmo sexo (ora, não somos todos iguais perante a lei? – pra que então essa aberração, senão para construir uma falsa ideia familiar que nunca existirá na prática), querem avançar um pouco mais com seus grilhões de insegurança social. A vida homoafetiva é tão incerta em sua formação que exige o preto no branco, leis claras e ostensivas, como que a exigir um bastião intocável, um pedestal de proteções acima dos direitos dos demais. Daí o exagero em suas formulações e a preocupação que me toca. Imaginem que além de exceder em suas glorificações, o projeto da senadora Marta Suplicy – que desde sempre empunhou essa emblemática bandeira com obsessão indisfarçável – estabelece punições à sociedade hétera em tudo, até na sua dualidade sexual, tornando criminosos e estabelecendo penas de 2 a 5 anos de prisão aos que a infringirem. Ou seja, o simples fato de discordarmos desse desvio de conduta moral poderá nos custar um sol quadrado. Os que deixarem escapar suas convicções contra o homossexualismo estarão sujeitos a processos por discriminação. Nesse time me enquadro como missionário católico e imagino as mãos atadas de muitos sacerdotes e pastores que sequer poderão orientar seus fiéis sobre o sentido de uma vida sexual sadia, normal. Instaura-se aqui uma verdadeira perseguição religiosa, aos moldes dos primeiros tempos do cristianismo, onde quem não adorasse a César, perdia a cabeça literalmente. Quem não “endeusar” meninas de gogó e meninos que menstruam… espadas nestes! Pior situação para os pais e educadores. Imagine se uma professora resolver seguir à risca o que pontifica esse vasto enunciado contra a maioria de vida afetiva ao menos natural, falando a seus alunos sobre as “belezas e normalidades” do homossexualismo e os pais se sentirem lesados no direito que têm de conduzirem a educação de seus filhos. Quem responderá por quem? Onde essa corda arrebenta? Imaginem ainda o absurdo da situação daqueles pais que poderão perder a guarda sobre seus filhos, se tentarem uma reabilitação ou reeducação para filhos e filhas indecisos em suas opções sexuais. Qualquer direito pessoal nunca poderá ser maior que o direito do outro. Qualquer dever, idem. WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br