Para qualquer pergunta idiota a resposta deveria ser correspondente. Porém, é na idiotice humana que se escondem as maiores manifestações da sabedoria divina. Exemplo: Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? Ou: se Deus criou tudo, quem criou Deus? Questões que embaralham nossas lógicas e para as quais não encontramos respostas fáceis. Então fica tudo como está. Ou não?
Aqui é que são elas. Quando uma questão embaralha a lógica do nosso raciocínio prático, temos aí um mistério. E mistério é sempre coisa de Deus. Na história de Cristo encontramos muitos destes, a começar de sua concepção biológica sem a participação humana, passando por sua ressurreição e culminando com sua ascensão aos céus. Todos esses mistérios proclamamos como verdades incontestes. Fazem parte de nossa profissão de fé, ou seja, dizemos em alto e bom som acreditar num Deus criador de tudo e no seu filho redentor “gerado e não criado, consubstancial ao Pai” que ressuscitou dos mortos e ao terceiro dia “subiu aos céus”. Essa tríade de mistérios é a essência da fé cristã. Se isso realmente não fizesse parte dos mistérios da Revelação Cristã, ou, como diria o apóstolo Paulo: “se Cristo não ressuscitasse, vã seria nossa fé”. Donde, pois, encontrar respostas para reforçar nossas crenças ou ao menos prová-las com a + b que estamos no caminho certo?
Esse é o grande desafio dos que acreditam. O nascimento, sua morte e ressurreição são apenas dois passos dessa História. Ela se completa com a ascensão, pois é esse o ápice da vida terrena do Salvador, cuja visão beatífica o coloca “sentado à direita do Pai” e cuja missão final será “julgar os vivos e os mortos”. Essa visão se desprende do evangelho de Lucas, o médico, cuja descrição pormenorizada da Ascensão reforça o mistério da Revelação. Quem lhe revelou esse acontecimento? “Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu” (Lc 9,51) e esse fato iria culminar com sua ascensão física aos olhos de seus discípulos. “Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém”. Enquanto Jesus reúne os seus às portas da cidade santa, eis que outra é a cidade que ele lhes aponta, ao subir aos céus. A Jerusalém ali se apresenta como destino dos que seguiram os passos do Mestre. Através de Jesus a humanidade expulsa do Paraíso redescobre novo sentido para suas almas sedentas de Deus, o verdadeiro Paraíso, a Jerusalém Celeste.
Daí que a ascensão de Cristo é mais um passo do seu seguimento. Cristo completa a revelação do Pai, apontando-nos o caminho da plenitude humana, para o qual devemos nortear nossas vidas: Deus em sua majestade. “Ele a manifestou em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita no céu, muito acima de qualquer principado, autoridade, poder e soberania, e de qualquer outro nome que se possa nomear, não só no presente, mas também no futuro” (Ef 1, 20-21). Essa é a glorificação da fé. O destino de quem almeja compensações celestiais e não glorificações terrenas. Por isso a tais mistérios damos o nome de revelação. Ou seja, só quem acredita tem a resposta, conhece sua profundidade, respeita seus mistérios. Isso nos basta. Se o mundo acredita ou não é outra questão. O que nos importa é a compreensão de que se Cristo ressuscitou, um dia chegará nossa vez. Basta seguir seus passos. “Procurem as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Pensem nas coisas do alto, e não nas coisas da terra” (Col 3, 1-2). Um dia chegaremos lá!
WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br