Não por acaso Jesus sempre instruiu os discípulos a não buscarem o poder, mas a viver para servir. Humanamente falando parece incompreensível tal proposta do Mestre, afinal no poder é possível fazer o bem, afirmam as pessoas que o desejam. Infelizmente, ele persegue a todos. Na política, que é definida desde os gregos, antes de Cristo, como a arte do bem comum, o poder tornou-se uma obsessão, onde muitas pessoas não medem as consequências de seus atos para alcançá-lo. Mas existem coisas assustadoras, pelas quais já passamos na época da ditadura militar, quando a liberdade era cerceada pelas forças repressivas. Hoje, aparentemente, vivemos numa democracia, todavia, muitos personagens estão denunciando a maquiagem deste sistema pela substituição via voto para uma ditadura ainda mais nefasta, que é aquela -fruto do consenso da lei. Neste parâmetro, que aos poucos, mas progressivamente vai se implantando, o povo não percebe, ao contrário, avaliza inocentemente tais práticas. Fala-se muito do nazismo como um sistema diabólico, de fato o era, porém o que não se fala é como ele começou. Ora, Hitler não chegou ao poder pela força militar, mas pela propaganda enganosa de uma Alemanha grande e poderosa, assim, os alemães o colocaram no poder pelo voto direto por se encantarem com suas propostas. Só a duras penas conheceram suas consequências. Não sei o que está acontecendo no Brasil, mas no sistema democrático, a Constituição é a carta que rege a convivência social e ela estabelece que, por direito, no caso político, nos cargos executivos, quando se ausenta o “chefe” eleito pelo povo, assume o vice, também eleito pelo mesmo povo, com a mesma porcentagem de votos. Pois não é que no Brasil uma novidade esta em pauta. A agência Senado noticiou, dia três de novembro de 2010 – logo depois da eleição, que A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou proposta de emenda à Constituição que retira do vice-presidente da República a condição de sucessor em caso do cargo de presidente ficar vago. Isto significa, por exemplo, que se a Presidente Dilma falecer ou renunciar, Michel Temer, seu vice, não tem o direito de assumir a Presidência. Claro que não votaria no Temer para esta função, mas ele foi eleito democraticamente. Como mudar o jogo no meio da partida? O texto prevê que haverá uma nova eleição no caso de morte ou renúncia do presidente da República. Pela proposta, se a vacância ocorrer nos dois últimos anos do mandato, o novo presidente será eleito por deputados e senadores, até 30 dias após a abertura da vaga. Se a vacância se verificar nos primeiros dois anos do mandato, será realizada nova eleição direta, com voto popular, em 90 dias. Minha gente, alguma coisa cheira mal no ar. Já se fala na desconfiança da Presidente Dilma não estar curada, portanto, da sua possível renúncia ao poder nos próximos dois anos. Desconfia-se também de um “golpe branco”, ou seja, com cara de legal, onde o partido majoritário não faria a transição do poder, mesmo para seu aliado mais próximo, fazendo voltar o ex-presidente como candidato forte antes do prazo legal para as eleições presidenciais. Se isto ocorrer, não cheira mal, é golpe!!! Todos precisam tomar conhecimento mais detalhado desta proposta, pois se de fato esta questão foi encaminhada nestes termos, estamos definitivamente num caminho ditatorial, com um agravante nunca “visto na história deste país”, uma ditadura instalada sob a égide da lei. Pe. Crispim Guimarães Pároco da Paróquia Cristo Rei Laguna Carapã