Não esperava voltar a um mesmo assunto com tamanha brevidade. Uma semana apenas e eis que os fatos se repetem. O ataque à sagrada moral da fé familiar e das crenças divinas está passando dos limites da tolerância popular. Uma onda de ceticismo – diria melhor, de permissividade – a tudo o que temos de mais inviolável como riqueza humana e pessoal está em curso nos meios sociais, ou seja: valores morais e cristãos são alvos da ironia dos descrentes. Refiro-me, sim, aos recentes ataques contra a fé e a moral que a deliberada “arte” de alguns expuseram em duas capitais brasileiras. Na primeira achincalharam símbolos religiosos. Na segunda, a pureza infantil.
Ambas as ações foram alvos de repúdio imediato da opinião popular. Mas, pior do que a espúria blasfêmia contra sagrados objetos de fé é a violação ao que humanos possuem de mais sagrado e casto, sua ingênua visão infantil, seus sonhos encantados, suas carências infantis, sua confiança plena naqueles que as protegem, seu natural refúgio no colo que as embalam, seu sagrado respeito à família que pensam possuir… A guerra dos sexos não é problema infantil, mas idiotice dos adultos. Forçar ou antecipar essa guerra é macular um estágio da vida com questões impróprias, quando da infância o que se espera é só encanto e pureza de gestos, de verdadeiro amor. Por que contaminar tão precocemente nossas crianças com questões que não lhe dizem respeito? A pior nudez humana é aquela que exibe seu interior, seu vazio espiritual, seu intelecto repleto de impurezas e maledicências próprias do adulto, não da criança pura e ingênua que um dia fomos. E que agora queremos oprimir.
O Museu de Arte Moderna de São Paulo ultrapassou os limites de sua funcionalidade social. Ao proporcionar a ridícula cena de um nu masculino exposto ao contato de crianças, não mensurou consequências. Por si só, o ato viola um código de ética comportamental, visto forçar uma atitude desnecessária. Se o objetivo da cena era quebrar um tabu, conseguiu. Mas isso é o de menos, pois sabemos que por trás de ações e movimentos hoje tidos como libertários ou questionadores das tradições sociais, está sim o liberalismo e a perversão de adultos sem compromissos éticos, morais e familiares. Mais que expressões de arte, ecoam o nada de suas existências, a devassidão da própria sexualidade sem peias. Não falam em nome da modernidade, mas praticam verdadeira pedofilia ao forçarem crianças a penetrarem a intimidade própria dos adultos. A quem interessa essa violação promiscua: ao adulto, à criança? Quem força uma situação? Por quê?
Todo ato de pedofilia é forçado, forjado. Não me venham dizer que isso é expressão de arte, quanto o que transforma não é uma matéria pura e simples, mas a interioridade de uma infância sem malícia. Ou seja: o que mudou na visão daquelas crianças? As questões se multiplicam, mas a resposta é única. Tudo tem seu tempo e lugar. Manter, pois, a ingenuidade de nossas crianças é dar-lhes o devido respeito ao tempo que lhes é próprio. Não há porque antecipar um momento que um dia virá, com a devida naturalidade e revelações belas e maravilhosas que só a vida nos faz. Enquanto isso, a arte do bem viver nos ensina a valorizar a pureza das crianças. “Deixai vir a mim as criancinhas”, disse o Mestre. O mesmo que um dia se despiu de tudo, de todos, para exaltar a verdadeira e única santidade da nudez humana: aquela que se doa por amor. Nada forjado, nem forçado.
WAGNER PEDRO MENEZES
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