Temos visto perdurar nas celebrações eucarísticas o costume de recolher a oferta do povo através de uma pequena cesta ou caixa de coleta que vai passando de mão em mão, na qual algumas pessoas depositam pequenos valores. Muitos nada depositam, limitando-se a repassar a cesta para quem está ao lado. Este é o Ofertório praticado numa infinidade de paróquias espalhadas pelo Brasil. Por outro lado, também temos presenciado celebrações nas quais se utiliza a procissão, onde os fiéis saem dos bancos e, diante do altar, depositam suas oferendas como forma de agradecimento, louvor, participação no sacrifício eucarístico com a entrega da própria vida ao Pai. Percebemos que essa prática torna mais dinâmica a participação do povo no Ofertório, embora o fato de se passar a cesta, em alguns casos, seja mais viável quando o espaço da igreja é pequeno ou alguma outra questão própria da comunidade. A Missa é a renovação do sacrifício do Cristo que resgata, pela entrega na cruz, a humanidade para o Reino de Deus. Sua morte, por Ele livremente aceita lava, com o sangue derramado, a mancha do pecado; Sua ressurreição resgata para o convívio ao lado de Deus, aqui e na vida eterna, todos os pecadores agora redimidos. Onde se renova esse sacrifício? No altar, no momento do Ofertório, quando revivemos esse sacrifício salvífico e o reconhecemos como o sacrifício perfeito de reconciliação da humanidade com o Pai através do Filho. Eis aí o sentido maior do Ofertório: renovar no altar a oferenda maior ao Pai. Já não queimamos animais, mas depositamos nossa inteira confiança no sacrifício da salvação, pois foi nosso Deus que se deixou imolar estabelecendo, de forma definitiva, a aliança da salvação. Que se espera dos fiéis no Ofertório? Que façam as suas ofertas conforme orienta o livro do Êxodo, 25, 1-2: “O Senhor disse a Moisés: dizei aos israelitas que me façam uma oferta. Aceitarei essa oferenda de todo homem que a fizer de bom coração”. Quando participamos da Missa, participamos do sacrifício santo de expiação dos pecados e nos encontramos com o Deus vivo na Eucaristia. Temos, então, o privilégio de poder levar nossas Oferendas a Deus. Que seja, então, verdadeiro ato de adoração ao Santíssimo Sacramento, uma vez que se trata de gesto próprio de reconhecimento da divindade, pois não se leva oferenda a outro mortal, mas somente a Deus. Que não se confunda, então, o Ofertório com mero compromisso financeiro. Mas, a grande pergunta permanece: o que devo ofertar? É bastante lógico reconhecermos que a Deus não se oferece “qualquer coisa” nem se oferece “de qualquer jeito”. Há de ser o melhor que temos e da melhor forma que podemos. Assim, parece não haver dúvida de que o Ofertório exige do cristão uma participação respeitosa de ir ao encontro do Senhor, cujo sacrifício se renova no altar para, diante do altar ou na cesta de ofertas, depositar suas oferendas simbolizadas na entrega de nossa vida, nossos dons e nossos bens. Importante atentar para o texto do Êxodo quando diz que o Senhor aceitará a oferenda “daquele que a fizer de bom coração”, ou seja, a condição para que essa oferenda seja realmente agradável a Deus é que seja feita num gesto livre, espontâneo, caracterizado pelo amor e pela fé. Gesto que demonstra a gratidão, o reconhecimento, o agradecimento a Deus por tudo o que dele recebemos, assim como, também, nossos pedidos de que Ele permaneça conosco sendo, verdadeiramente, o Senhor de nossa vida. O Ofertório é momento de profunda comunhão com o Cristo Eucarístico, pois é participar da sua entrega na cruz reconhecendo-a como o sacrifício perfeito da redenção. Ao renovar e oferecer a Deus essa oferenda perfeita, também entregamos nosso sacrifício pessoal, ou seja, nossa vida e tudo o que somos e temos. Assim participando do Ofertório, nos preparamos para o momento glorioso do encontro com o Senhor Vivo e Presente na Eucaristia. E aprendemos, então, que Ofertório e Comunhão são os dois pilares do mistério da redenção, já que um representa a cruz e o outro a ressurreição; causa e conseqüência, princípio e fim. Não há Eucaristia sem Ofertório, pois o Cristo morreu para poder ressuscitar e só ressuscitou após ter aceitado livremente a morte. Ambos são indissolúveis e inseparáveis razão e consumação do grande mistério da nossa fé. Pensemos mais sobre isso antes de participar da próximo missa. Odilmar Franco Missionário do MEAC