O TEMPO É AGORA

O grande desafio que o cristianismo propõe ao mundo é encarar a realidade do tempo presente. Seja este bom ou ruim, o fato é que a fé cristã nos convida a viver o aqui e o agora com a perspectiva do olhar de Cristo. Este transforma realidades adversas com a nossa presença e ação, se acreditarmos nas boas novas claras e objetivas que retumbaram no deserto da Galileia e ecoam agora em nossos corações. O momento é o nosso. Seguir Jesus é acreditar que também temos voz nesse processo de mudanças proposto a quem “tem olhos para ver e ouvidos para ouvir”. Agora é nossa vez. Isso posto, eis que falta a ação, a necessidade única de coerência com o desafio que nos foi feito: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens”. Simão e André, Tiago e João nos representam. A árdua tarefa de um trabalho “em águas mais profundas”, onde os resultados são mais promissores e a compensação mais generosa, é a promessa que nos foge quando cruzamos nossos braços diante da perspectiva de um novo Reino, um tempo de bonanças e esperanças renovadas, o mundo novo que sonhamos. Estamos às portas dessa nova realidade, mas hesitamos na ação, duvidamos da capacidade de mudanças que a fé nos oferece. Somos ou não os agentes de transformação do mundo, como nos ensina a Igreja? Somos ou não a luz das trevas que nos cercam, como nos disse o Cristo? Somos ou não esse fermento na massa, capaz de levedar e fazer crescer a esperança por dias melhores? Se tudo isso é característica da fé cristã, o que estamos esperando? As perguntas nos assombram, confronta com a realidade oposta àquilo que ouvimos, enquanto consertávamos nossas redes, preparávamos nossos instrumentos de trabalho. Esse é o grande obstáculo dos meticulosos trabalhadores da messe! Preocupam-se em demasia com suas capacidades e recursos operacionais, mas pouco fazem por não se abandonarem plenamente na fé que nutrem. Se acham donos da verdade mas não mergulham na Verdade de Cristo. Será mesmo assim? Terei sucesso nessa empreitada de tudo deixar e partir, seguindo Jesus? O que nos falta é o abandono nas mãos Daquele que nos desafia a ir em frente, a dar o primeiro passo, a seguir à sombra de suas promessas. Coerência também é abandono. Acreditar é se deixar guiar. Não fomos nós que escolhemos esse caminho, mas é o próprio Senhor quem nos escolhe para trilhá-lo. Quem se deixa guiar pelas sendas desse caminho estreito torna-se discípulo, portanto alguém que tenta imitá-lo. Não há alegria maior do que segui-lo. A mudança de rumos vai de encontro aos anseios da humanidade, que não quer discórdias, não quer doenças, não quer injustiças, nem desamor, nem guerras. Papa Francisco falou recentemente em alto e bom som: “A guerra é a mais terrível das doenças sociais… e os mais fracos é que pagam o preço”. Muitos acharam ser este um gesto de intromissão deste. Católico que rejeita os alertas de sua Igreja, os ensinamentos de sua tradição apostólica, a autoridade de seu pontífice, há muito deixou de ser católico. Melhor continuar “consertando” suas redes imprestáveis.

WAGNER PEDRO MENEZES
wagner@meac.com.br

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