Chego ao escritório e, como de costume, vou ao computador, abro a página da internet onde encontro a liturgia do dia. Salta aos olhos a mensagem do profeta Isaías 58, 7-10. “Assim diz o Senhor: 7Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o, e não desprezes a tua carne. 8Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá. 9Então invocarás o Senhor e ele te atenderá, pedirás socorro, e ele dirá: ‘Eis-me aqui’. Se destruíres teus instrumentos de opressão, e deixares os hábitos autoritários e a linguagem maldosa; 10se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia”. Percebo algumas palavras chaves da mensagem: reparte, acolhe, cobre, não desprezes. Chamados fortes de Deus a uma mudança de vida e ponho-me a pensar em como seria minha vida se eu me dispusesse a realmente colocar isso tudo em prática. Revejo, por instantes, muitas ocasiões nas quais eu encontrei pessoas em situações que me levaram a pensar: “poxa, que vida dura dessa pessoa”. Lembro que, naquelas ocasiões, geralmente rezei pedindo a intervenção divina na vida daqueles irmãos retirantes que ficaram ao longo das estradas; dos que recolhiam alimentos nos restos jogados em lixos, dos que empurravam seus carrinhos de material reciclável sob frio e chuva nas grandes cidades… Repartir com aqueles, mas também acolher os que padecem de outros sofrimentos como a doença, a solidão, a incompreensão da sociedade. E me lembro de uma frase que usei em muitas preleções nos meus tempos de grupo de jovens: “Ser cristão é a coisa mais fácil do mundo, porque basta seguir Jesus Cristo, mas, ser cristão de verdade é a coisa mais difícil do mundo, porque é preciso seguir Jesus Cristo”. O que faz a diferença entre uma coisa e outra é como eu conjugo na vida esse verbo “seguir” Jesus Cristo. E me pergunto: como acolher a todos, repartir com todos? Tenho aprendido que amor não é sentimento, mas atitude. O amor existe quando eu ajo com amor, e não quando eu somente digo que amo. O amor é como a moeda de um País: para ter valor é preciso ter lastro, algo que dê garantia daquele valor. O lastro do amor, aquilo que o torna verdadeiro, são nossas atitudes de amor. É por isso que o dízimo é uma atitude de amor. O dízimo nasce no coração de Deus que, por amor, dá tudo e também se dá completamente, inteiramente. A gestação do dízimo começa em meu coração quando compreendo e aceito essa verdade: tudo é de Deus e Ele tudo me deu somente por amor. A cruz é o espelho onde vejo refletida toda a grandiosidade do amor de Deus pela humanidade. E, a partir da cruz, inicio minha caminhada de amor… amor atitude, gesto de fé, de compromisso, de também doar-me inteiramente. Assim, meu amor se transforma em compromisso com Deus e com a minha comunidade, pois, quando aprendo a amar Deus começo a amar meus irmãos, já que é assim que Ele próprio nos ensina: “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos tenho amado”. Dízimo, atitude de amor para com Deus, a comunidade, os irmãos. Gesto concreto de fé, de pertença à família de Deus. Fraternalmente, Odilmar de Oliveira Franco MEAC São Paulo Apóstolo Palmeira – PR – (42) 3252 1894 – 9947 7212 www.meac.com.br – odilmar@meac.com.br