Luíza Romão
Arte-educadora, professora de teatro
Brasil, tu te tornas
Eternamente responsável
Por aquilo que pões em cativeiro
Da FEBEM ao navio negreiro
Sei que assusta
Perder seus privilégios
Somos o plano europeu
Que não deu certo
Alerto:
Reduzir a maioridade
Não é questão de segurança
Isso é genocídio de criança
Extermínio de classe
Do moleque roubar o passe
Tirar a bola
É oferecer a prisão
E não escola
Tratar infância com escolta
Então solta
Larga o osso
Agora não tem almoço
É fácil comer o pão
E o diabo ser o outro
Mas vem do nosso rosto
O suor de todos os dias
Brasil,
Tu queres ser gigante?
Então lembra do Golias
O poder gestado
Pelas mãos da minoria
No país da escravidão
Ainda é branca
A democracia
É a bancada da bola
E seus projéteis de leis:
Onde já se viu
Tornar-se adulto
Aos dezesseis?
Diga aí vocês:
O país seccionado
A fratura está exposta
Nossa bandeira
Não é a mesma
Nem durante a copa
Alienistas alienados
Querem
O Brasil-condomínio
Fechado
Têm sangue nas mãos
E agora nos olhos
Mergulham a bíblia
Em poça de ódio
Sabe,
Meritocracia é fácil
Pra quem nasceu
No pódio
Por trás do discurso,
Investimentos:
Células transformadas em
Cédulas empresa de presos
Desprezo
Por qualquer matéria humana
Cunha,
Eu sei quem financia
Sua campanha
Quer tornar-se o novo
Franco da Espanha?
O jogo é certeiro:
Cercar a Casagrande
E pôr três porteiros
Mas, cuidado
Com quem coloca
Em cativeiro.
(Transcrito do Jornal Plantão Popular – 07/08/07/2015 – Parintins – AM )