Não há expectativa maior para um agricultor do que a proximidade da colheita. Motivo de festa. A festa da colheita. Nas regiões agrícolas todos se enchem de euforia, pois que os frutos da terra hão de reverter-se em beneficio e fartura para famílias inteiras, o trabalhador, o comerciante, os industriários. Todos se vestem com as cores do otimismo e traçam planos futuros, baseados única e exclusivamente nos resultados promissores de uma seara em ponto de oferecer seus frutos, seus infindáveis e dourados campos onde a ceifa enche os olhos e o coração dos que amam e respeitam o solo bendito. Mais ou menos, era essa a motivação da festa de Pentecostes, o grande momento da colheita dadivosa oriunda da mãe-terra. Seu significado ainda permanece, agora mais promissor e abençoado com uma colheita muito mais expressiva, no campo espiritual. Penta, o quinquagésimo dia depois da ressurreição do Cristo, fecha o ciclo de uma semeadura muito mais fértil, pois que nesta data, segundo promessas e cumprimento da Palavra, Deus nos envia seu advogado, o consolador, o Espírito Santo, para aureolar de graças, luzes e euforia renovada todo coração que se deixou penetrar pela semente da Boa Nova. “Eis que faço novas todas as coisas”, pois aquele que vos envio será semente para a Eternidade, prometeu e cumpriu o mestre de Nazaré. Essa colheita é nossa. Quem se deixou frutificar no campo da semeadura de Cristo, vai, com certeza, produzir e colher seus frutos na graça vivificante do Consolador, o Espírito que nos foi dado, para vencer a aridez da insensibilidade humana e “renovar a face da Terra”, com sua ação transformadora. Isso é Pentecoste, a grande festa dos homens de boa vontade. Penetrar neste mistério e se deixar contaminar pela alegria que sua ação proporciona, é compreender o significado das grandes parábolas pelas quais Cristo anunciou aos seus a vinda desse dia, o momento da contemplação e apreciação desse momento em nossas vidas. Quem vive essa experiência de transformação e renovação, vive seu batismo no Espírito. Quem contempla a messe imensa e o reduzido número de ceifadores, orgulha-se de ser um desses escolhidos para a obra. Quem põe a mão no arado, não olha as decepções do passado, mas os frutos da vindima em ponto de colheita, o trigo já dourado à espera do lavrador. Enfim, o agricultor foi o Pai, mas com sua permissão e por direito de herança, quem há de colher os frutos dessa colheita seremos nós, seus filhos por Ele amados. Isso se tivermos méritos nessa obra. A alegria do agricultor será tão contagiante quanto à daqueles que ajudaram a semear. Da parte do Senhor da Messe, não há como duvidar de suas Promessas e Generosidade, pois não se trata de um vil e avarento proprietário agrícola, mas sim Daquele que acolhe e ampara todo e qualquer filho disposto a arregaçar mangas, combater ervas daninhas, adubar a terra e aguardar o momento sagrado da colheita dadivosa. É o que nos proporciona a ação do Espírito Santo no mundo, em todos os tempos, entre todos os povos. Essa é a colheita mais abundante que se pode esperar da ação da Igreja no mundo. Comunidade, família ou cristão sem imersão nesses mistérios, sem unção de vida pentecostal, conforme exemplos claros e bem marcantes na vida dos primeiros discípulos e na ação das primeiras comunidades de fé, nada produz, nada poderá colher. A euforia dessa colheita é o termômetro de nossa ação missionária. Sem as cores dessa alegria, há de se questionar a autenticidade dos propósitos da vida cristã. Uma Igreja sem unção, sem transformação, vai mofar. Vai se deixar abater ao primeiro sopro das adversidades e voltará às ruínas da velha Jerusalém, sem o dom do entendimento dos mistérios que aqui tentamos revelar. Ou nos deixamos “ser colhidos” como o trigo das espigas “cem por um” ou lançados na fogueira como o joio que de nada serve. A colheita está próxima. WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br