Certa vez ouvi dizer que do povo não se pode retirar a fé e a festa e, realmente, um povo que não festeja, que não celebra, que não se reúne festivamente é um povo triste, deprimido. Faz parte da natureza humana a celebração, a demonstração de alegria, de júbilo e faz muito bem para o corpo e para a alma o convívio fraterno, em ambientes alegres. Um ambiente onde reina um clima de alegria faz bem para o espírito, incentiva as pessoas às melhores práticas da gentileza, da educação, da partilha, etc. E um povo sem fé é um povo morto. A fé vivifica o corpo e dá sentido à existência, transforma a vida e leva as pessoas a também buscarem sempre uma vida plena das melhores experiências como a solidariedade, o perdão, a caridade. A fé faz a ponte entre o efêmero e o eterno, o passageiro e o duradouro. A fé nos permite viver no mundo sem, no entanto, nos apegarmos ao mundo; ao contrário, nos faz viver sempre na alegre certeza de que a vida humana não termina no curto espaço de tempo que temos para permanecer neste mundo, mas que aqui estamos para conhecer e nos prepararmos para uma vida em plenitude, junto de Deus, Pai e Criador. Fé e festa, duas realidades que combinam e que fazem parte da essência do ser humano. E é por isso que a Bíblia nos ensina no Salmo 150: “Aleluia. Louvai o Senhor em seu santuário, louvai-o em seu majestoso firmamento. Louvai-o por suas obras maravilhosas, louvai-o por sua majestade infinita. Louvai-o ao som da trombeta, louvai-o com a lira e a cítara. Louvai-o com tímpanos e danças, louvai-o com a harpa e a flauta. Louvai-o com címbalos sonoros, louvai-o com címbalos retumbantes. Tudo o que respira louve o Senhor!” Vejamos, então, que a festa a que se refere a Bíblia não é exatamente o conceito de festa tão em moda nos dias atuais, onde o objetivo maior é obter lucro com o comércio para tapar o sol com a peneira de uma falha gritante na evangelização. Durante séculos nossa Igreja não pregou – e ainda continua a fazer com muita discrição -, a catequese do que a Palavra de Deus ensina sobre a prática do Dízimo. Daí as festas, quermesses, bingos, rifas, etc…, tudo com objetivo de arrecadar dinheiro para o sustento da Igreja. Percebemos, então, que ao tomarmos um caminho que não conduz ao verdadeiro objetivo da comunidade cristã, que é ensinar o caminho até o Pai, continuaremos a caminhar em lado oposto e nos distanciaremos cada vez mais desse objetivo. Vejamos: – A festa na Igreja com objetivo de lucro esconde a falta de evangelização sobre dízimo e a conseqüente falta de compromisso das pessoas com o sustento das obras para o Reino de Deus; – Por ter como objeto o lucro, exclui os mais pobres (já viu pobre dar lucro?), embora sejam os “preferidos” de Jesus e aqueles por quem a Igreja fez a sua opção preferencial; – Incentiva a prática do consumismo e exibicionismo, afinal, o que dizer daqueles que disputam entre si para comprar pelo preço de um carro um simples bolo leiloado na festa, se não que estão se exibindo para mostrar seu poder de compra?; – Propicia inúmeras ocasiões de pecado com o consumo livre (e geralmente exagerado) de bebidas alcoólicas cujas consequências são imprevisíveis, mas sempre nefastas. – Propicia que crianças e adolescentes tenham o primeiro contato com o álcool da forma mais grave, ou seja, observando o exemplo de pais, padres, catequistas, ministros e outras lideranças bebendo, o que servirá de estímulo a que elas também passem a consumir a mesma droga. E quando isso acontecer, será a porta de entrada para outras drogas, para os atos de violência e vandalismo, acidentes, prostituição, gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis e tantos outros danos no seio da família. É por isso que muitos cristãos, conscientes da importância de se modificar o conceito e o tipo de festa que hoje as comunidades realizam, pedem que se intensifique a evangelização sobre o dízimo e a oferta para que possamos ter, de fato, muitas festas de Igreja e não mais festanças na igreja. Odilmar de Oliveira Franco MEAC – Missionários para Evangelização e Animação de Comunidades Palmeira – PR – (42) 3252 3099 – 9947 7212 – odilmar@meac.com.br