Dizem que quando um louco encontra outro imediatamente começam a discutir o sexo dos anjos ou o quadrante da roda. Nessa assembleia, mais trivial do que se imagina, é que se prova não serem tão insanos assim, pois os maiores inventores ou místicos da história foram sempre considerados loucos pela sociedade onde atuavam. Sem estes, o mundo não seria o que hoje é. Mas o assunto é outro. Falo do grupo de loucos do qual faço parte. Leigos metidos a padres, que encontraram na Igreja uma oportunidade de também evangelizar. Como cunha na madeira bruta, foram ocupando espaço, penetrando, abrindo o caminho, rachando a lenha para a fogueira. Nesta semana, em São Paulo, realizaram sua 44ª. Assembleia anual. Falo do MEAC, Missionários para Evangelização e Animação de Comunidades. Portanto, há quarenta e quatro anos esse grupo de loucos se faz presente na história da Igreja, não só no Brasil, mas também chegando agora a outros países, alguns até já constituindo novos grupos para seguir seus passos. Moçambique e Guiné Bissau, por exemplo, já foram contaminados por esse bando de loucos, e possuem lá núcleos tão ardorosamente missionários quanto o nosso. No Brasil, oficialmente, chegamos a cem missionários, espalhados de norte a sul, de Manaus a Ijuí, RS, de Dias D´ávila, BA, a Assis, SP, passando por Feira de Santana, São José dos Campos e acampando em São Paulo, onde reina nossa sede. Sede? Que sede? Apenas um endereço formal, pois que de bens e posses o grupo nada possui. Nova diretoria foi empossada – como se diretoria subentendesse um grupo de privilegiados, comprometidos a administrar uma entidade poderosa. Até tesoureiro temos. Formalidades estatuárias para cumprir a lei, já que nada existe de tesouro tilintante. Nosso tesouro está na riqueza de cada elemento, poucos na verdade, mas lapidados e forjados no calor de uma vocação, um chamado que queima por dentro e nos abrasa como irmãos no desafio de evangelizar. Como bem disse nosso novo presidente ao discursar em sua posse: “Somos sempre tentados a olhar o passado e às vezes nos esquecemos de olhar o futuro”. Disse tudo, irmão Tatto. Não podemos nos estacionar na glória de uma história que se foi, mas continuar visualizando o caminho pedregoso que nos resta e que se abre a um grupo de muitos outros que um dia seguirão nossa loucura de amor ao evangelho e à vida missionária. D. Fernando Figueiredo, bispo responsável pelo grupo (hoje de ordem diocesana) e que agora passa seu cajado a D. José Negri, também esteve entre nós nessa assembleia. Confessou-nos sua admiração pela nossa teimosia (desde que chegou a Santo Amaro, nossa diocese-mãe, sempre foi assessorado e circundado por elementos do MEAC), acompanhou momentos de glória e de profunda crise pelos quais o grupo atravessou e agora nos reencontra mais uma vez reabastecidos na determinação de avançar, cada qual renovando seu compromisso missionário “por mais um ano”. Encorajou-nos com o testemunho de São Paulo, cuja vida foi uma apaixonante “loucura” pelo Evangelho. “Só quem se deixa conduzir pela força e dinamismo da vida missionária é que produz frutos; os frutos da misericórdia e do amor de Deus” – disse D. Fernando. Então é isso: sem vaidade, sem alardes, mas submissos àquilo que o Senhor nos pede, mais uma vez nosso grupo de loucos, individualmente, mas conscientes do desafio pessoal, pudemos repetir como o profeta em alto e bom som: “Aqui estou, Senhor, envia-me!” Se você se sentir atraído por essa loucura, entre em contato conosco. WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br