Nestes dias o mundo se voltou para a Espanha, mais propriamente para sua capital, Madri. Uma multidão de aproximadamente dois milhões de jovens, coloriu a cidade e várias outras, que receberam delegações das várias partes do planeta. O que atraiu tantas pessoas àquela cidade? Muitos diziam ser o Papa Bento XVI, um senhor de 84 anos de idade. Pessoalmente sei que quem nos atraiu foi Jesus Cristo, exatamente aquele a quem o Papa quis anunciar e indicar aos jovens como ideal que não passa. Como passei uma semana acompanhando um grupo da Diocese de Dourados, pude vivenciar bem de perto os sentimentos juvenis. Nosso alojamento era numa escola, onde 400 jovens brasileiros se hospedaram sem conforto nenhum. O banho era gelado, com 3 minutos de duração (ecologicamente correto), saíamos para as catequeses às 9h e só retornávamos depois das 22h, num calor superior a 40º graus. À tarde nos encontrávamos nas ruas de Madri para o encontro com o Papa e/ou para os shows em língua portuguesa. No sábado, ao meio dia chegamos ao Aeroporto, onde dois milhões de jovens já se concentravam, neste dia o calor chegou a 42º graus, o sol só começou a ir embora depois das 20h. Imaginei que naquele dia de espera para a Vigília com Bento XVI, que começaria às 21h, alguém morreria (pensei que eu passaria mal), pois se alguns entrassem em desespero já seria o suficiente para criar um pânico incontrolável, mas ao invés disso, o que vi foi uma juventude em paz, alegre, orante, que suportou com paciência e espírito de fé aquelas adversidades. Nas ruas de Madri, conversei com muitas pessoas, que como eu, não acreditavam facilmente no que estava acontecendo, pois diziam que qualquer outro evento numa proporção muito menor geraria incidentes violentos, coisa que “nem de longe” pudemos observar, já que da parte dos católicos não houve nem se quer uma briga verbal (da parte de outros – sim e sobre isto escreverei na próxima semana). Depois do sol, na Vigília com o Bento XVI, veio a chuva e os jovens cantavam e rezavam, assim que a cerimônia litúrgica começou, um silêncio impressionante se apoderou do local. Na missa do domingo outros milhares de pessoas chegaram para participar com os demais ali presentes, formando uma multidão sem precedente na historia da capital espanhola. Era um rio de gente de todas as classes sociais, até príncipes! Mas e o Papa, o que nos disse? O que era de se esperar, propôs a todos o caminho do encontro com Jesus, que segundo ele, não é uma ideia bonita, muito menos uma filosofia, é uma PESSOA, na qual o sentido da vida pode ser encontrado, e que, às vezes, está tão distante dos jovens (e de todos) num mundo consumista e cheio de propostas enganadoras. Bento XVI falou de paz, de amor, de compromisso, de vivência comunitária e de uma Igreja viva, quando muitos querem apresentá-la como ultrapassada e arcaica. Percebi que quando se tem Deus, a idade não é obstáculo, ao contrário, é porta que se abre como meio de encontro, assim, aquele ancião de 84 anos de idade, tocou os corações juvenis com a sua profundidade habitual, onde a figura de Cristo se sobressaiu. Em 2013, o Brasil verá este espetáculo ao vivo. Pe. Crispim Guimarães Pároco da Paróquia Cristo Rei, Laguna Carapã, MS