DÍZIMO – EXPRESSÃO DE AMOR E GRATIDÃO – Antoninho Tatto
Na Pastoral do Dízimo não podemos considerar normas como leis. A lei é sempre pesada porque impõe regras que, se não cumpridas, trazem sanções. A lei torna-se castigo quando não observada. Na Pastoral do Dízimo privilegiam-se as normas, que são lembretes, orientações, conselhos bons que saem dos responsáveis para orientação do povo. Tudo tem como objetivo não deixar que o povo se afaste do seu Deus.
Deus é criador de tudo. Entre as coisas criadas está o ser humano, homens e mulheres, criados à imagem e semelhança de Deus. Diferente das outras coisas criadas, o homem se assemelha ao Criador. O homem, criado à imagem e semelhança de Deus, tem atitudes e reflexos de Deus.
Nós mesmos, não sentimos no coração este desejo de partilhar o que temos e o que somos? Pode ser que este sentimento esteja frio, que já não signifique muito em nossa vida. Mas não podemos negar que brota do íntimo.
É natural no ser humano. Quem não sente alegria guando pode ajudar alguém? A sensação de ter dado algo a alguém é gostosa: um presente ou uma ajuda em caso de necessidade. Esta alegria, esta sensação boa não deve, não pode apagar-se.
Entre as formas de “retribuir” a Deus criador, temos o dízimo. Nunca foi a única forma de manifestar a gratidão e o reconhecimento. Mas foi sempre uma forma prática usada por aqueles que quiseram manter estreitos seus laços com a Divindade: ou por expressão de gratidão, ou com o intuito de pedir algo, ou pelo desejo de se reencontrar com o Senhor e para reconciliar-se. Tudo sempre foi muito natural e espontâneo. Mas também há algo no homem que o afasta da Divindade, do Criador.
O tempo vai modificando os sentimentos, e a tendência é diminuir a devoção e o reconhecimento a Deus. Sabemos que, com o passar do tempo, já não temos a mesma disposição para dar. As dificuldades da vida, os meios de comunicação, de forma muito atraente, criaram necessidades, e cada vez mais necessidades, a ponto das pessoas desejarem tudo.
Chegamos até a acreditar que determinadas coisas são indispensáveis, quando antes nunca foram necessárias. Esta ânsia de ter vai fazendo as pessoas se fecharem, temerem não ter no futuro o necessário para conseguir tudo o que julgam precisar. A partilha, a manifestação de gratidão com parte dos bens vai esmorecendo.
Outro aspecto é ainda mais perigoso: Quando o homem que recebeu o dom de transformar, recria tantos bens que facilitam a vida, vai-se criando nele uma sensação de auto-suficiência. Consegue fazer tudo o que quer e precisa. Com isso ganha cada vez mais dinheiro.Com o dinheiro consegue outras coisas mais, e o processo vai se desenrolando de tal modo que acha não precisar mais de Deus.
A auto-suficiência, o ter, o afasta de Deus. Perde o elo natural da gratidão, do reconhecimento por tudo que recebeu de Deus. Como Deus não tem fiscais para cuidar de sua parte – pois se os tivesse, o que o homem dava não seria fruto da gratidão e sim imposto, cobrança – aí o homem se esquece e não partilha o que tem, tornando-se cada vez mais egoísta. O homem esquece que veio de Deus e que sua vocação é voltar para Ele.