Historicamente, o sistema do dízimo nas comunidades cristãs sofreu três riscos fundamentais e, historicamente, o sistema do dízimo nas comunidades cristãs sofreu três riscos fundamentais e, por muitas vezes, incorreu em alguns deles: 1) A rotina e a perda do seu sentido verdadeiro; 2) Os abusos em sua aplicação; 3) A criação de uma mentalidade farisaica. 1) A História nos mostra que, tanto nas comunidades hebraicas quanto nas cristãs,
o sistema do dízimo se manteve vivo em períodos e ambientes de fervor religioso. Quando o dízimo não era vivido como intensa expressão da fé e do relacionamento das pessoas com Deus, só se mantinha em pé graças ao rigor da Lei, das sanções e do medo que as pessoas tinham em serem castigadas pelo próprio Deus. Fica claro, portanto, que o que mantém o dízimo é o seu sentido original, ou seja, a formação e a vivência do espírito comunitário. Isso mantém a pureza do sistema e leva os responsáveis a estarem sempre alertas para a preservação desse sentido original. Isto significa dizer que “a conscientização para o dízimo não é uma simples etapa anterior à sua implantação, mas um trabalho constante da comunidade junto a seus membros”. A conscientização é algo que deve estar sempre sendo buscado, deve ser uma meta a ser atingida, sabendo-se que jamais se atingirá plenamente e que, por isso mesmo, sua busca deve ser renovada a cada dia. 2) No livro Estudos da CNBB N.º 8 – Pastoral do Dízimo, os Bispos do Brasil recomendam que a administração do dízimo não seja delegada ao Padre ou a alguém de sua confiança, mas que essa seja uma responsabilidade de um grupo de leigos eleitos pela própria comunidade. Mas também advertem: “é preciso que esses mesmos representantes constantemente ponham a comunidade a par do movimento do dízimo”. Mesmo que o dízimo seja bem administrado, o simples fato de ter uma administração pessoal, sem que a comunidade tenha conhecimento dos pormenores da arrecadação e da sua aplicação, “criaria uma suspeição maléfica e danosa para o próprio sistema e para a Igreja em geral”. 3) O terceiro risco é o menos exterior, mas talvez o mais sério. É que quando as pessoas cumprem religiosamente seus compromissos econômicos, facilmente se sentem donos da estrutura para a qual contribuíram. Em relação ao dízimo, as pessoas poderão ficar com a falsa noção de dever cumprido, de estar quites com Deus e com a Igreja e, com isso, sentirem-se no direito de exigir aquilo que consideram terem pago. Ora, nada mais anti-evangélico que isso. “Seria negar a própria atitude religiosa, toda ela impregnada de busca humilde de Deus e de serviço aos irmãos”. A idéia do dever cumprido pode levar as pessoas a exigir privilégios em relação a quem “não pagou” o dízimo. É preciso que se observe que o dízimo não é dever, mas um privilégio em si mesmo, uma graça obtida, pois se o praticamos é porque recebemos bênçãos materiais de Deus. Portanto, antes de distinguir alguém perante os demais, o dízimo faz dos dizimistas servidores agradecidos que nada mais têm a pedir, pelo contrário, devem agradecer e anunciar a Graça do Senhor contida nele. Ao dizimista cabe, isto sim, uma efetiva participação na equipe da Pastoral do Dízimo, no anúncio da Palavra, na difusão do sentido comunitário do dízimo e, até mesmo, na cobrança efetiva de uma clara prestação de contas da sua utilização a toda a comunidade. Aos líderes comunitários e membros da Pastoral do Dízimo, compete atentar para esses riscos elencados e, à luz do Espírito Santo, tomar as atitudes necessárias para evitá-los e criar um ambiente propício à sua difusão.
Odilmar A.Franco