Todo o dinheiro da Igreja é para o Padre?

A resposta em uma palavra: NÃO! Não mesmo. Infelizmente muitas pessoas fazem esse tipo de pergunta em tom de ironia e pensam da seguinte forma: “não vou dar dinheiro para Igreja, dar dinheiro para o padre ter vida boa, carro para subir e descer. Eu trabalho, derramo meu suor, se quiser, que ele trabalhe também”. Outros pensam que o carro que o padre usa é dele, motivo maior é quando há a necessidade da paróquia trocar de carro, a notícia se espalha: “o padre está de carro novo, isso que é vida!”. Em algumas comunidades há conflitos entre o padre e as comunidades, por parte das lideranças e de algumas pessoas que não entendem o comportamento “estranho” do padre, algumas lideranças falam com veracidade: “o padre leva o ofertório todo, deixa a gente sem nada, para que ele quer tanto dinheiro?”. E em Paróquias que há taxas dos sacramentos e intenções de missa (em tantas outras já houve a superação das taxas pelo dízimo e oferta), as pessoas comentam: “o padre fica com o dinheiro dos batizados, dos casamentos e das missas, onde ele coloca esse dinheiro todo?”. Quantos sacerdotes não foram acusados de desviar os recursos da Paróquia, da festa do padroeiro, do dízimo… Outras pessoas ainda pensam: “A Igreja tem muito dinheiro, a Igreja pode!”.

As desculpas são muitas daqueles que não querem se comprometer e dos que fazem por obrigação ou só para dizer que ajudam, colaboram. São dizimistas com o mínimo e quando acontece alguma coisa deixam de colaborar, e ainda dizem: “não disse que esse padre é isso ou aquilo, ou que a Igreja não precisa, eu sabia”.

Meu irmão, minha irmã, assim como você mantém sua casa, sua família, a Igreja, também, precisa se manter. A Igreja é uma grande casa, que reúne e une uma grande família, a família dos filhos e filhas de Deus. Como é difícil a sustentação e manutenção da vida paroquial. Desde a menor oferta, em uma comunidade simples, as ofertas da Igreja Matriz, uma doação, o dízimo que levam à secretaria paroquial ou à Igreja no momento da celebração, tudo é para o caixa da Paróquia, para o custeio de todo trabalho evangelizador. Algumas necessidades são: pagamento de água, luz, telefone, gasolina, construção, material para secretaria paroquial e da Igreja, encargos salariais, repasse para os funcionários da Paróquia, aquisição de materiais pastorais, realização de encontros, passagens para o envio de lideranças para formação, plano de saúde, manutenção da casa paroquial, da Igreja, do carro, atendimento aos mais necessitados, a côngrua (“contribuição”) do padre, repasse para a Diocese, e tantos outros investimentos.

Quando alguém das comunidades implica sobre o fato do padre ficar com as ofertas, alguns padres alegam que é para a gasolina, considero um argumento pobre, de pouco fundamento. É necessário esclarecer, dizer realmente porque e para que precisa. E por falar em esclarecer, vamos deixar claro: o carro não é do padre, a casa Paroquial não é do padre, a Igreja não é do Padre, a geladeira e a TV que está na casa Paroquial não são do padre. Resumindo, o dinheiro da Igreja não é para o padre. E quando algumas pessoas encontram o padre em uma ambiente festivo, dizem: “vou dar dinheiro para a Igreja para o padre estar se divertindo a custas dos outros?”. O padre não recebe salário, pois ele não é funcionário de nenhuma empresa, nem é funcionário da Paróquia ou Diocese. Os padres estão a serviço da comunidade paroquial a ele confiada. São chamados por uma vocação e não por profissão religiosa. Eles se dedicam o tempo todo, toda a sua vida a serviço do evangelho e da comunidade cristã. Os padres recebem uma ajuda de custo, chamada de “côngrua”, valor estipulado segundo a realidade da Paróquia e da Diocese. Em algumas Dioceses existe um valor específico, em outras se aconselha segundo a realidade de cada Paróquia. Desta ajuda de custo, o padre, “supre” as suas necessidades pessoais do dia a dia, despesas essas que não estão incluídas no orçamento financeiro da Paróquia. Quanto mais a comunidade, a Paróquia é generosa, quanto mais será generosa com o seu ministro, com o seu padre.

Apesar das dificuldades de sustentação da Paróquia presenciamos o esforço de cristãos e cristãs que se dedicam, e compreendem que são responsáveis pela casa de Deus, que é a casa de todos; sentem-se alegres por poder colaborar, sentem-se incluídos, graças à Providência de Deus.

Para refletir: você se sente responsável pela comunidade, pela Paróquia? Seu dízimo corresponde ao seu amor a Deus e a Igreja? Você realmente é fiel em seu dízimo, como o Senhor nos pede na Sagrada Escritura? Ou qualquer coisa é motivo para esquecer?

Irmão e irmã, faça diferente, se envolva, participe, comprometa-se, e sinta-se responsável pela comunidade, pela Paróquia. O Documento de Aparecida, no número 171, nos chama atenção para algo muito importante: “todos os membros da comunidade paroquial são responsável pela evangelização dos homens e mulheres em cada ambiente”.

O leigo Luiz Nogueira, em seu livro, Gestão administrativa e financeira eclesiástica, (editora Vozes) diz: “os padres e administradores da Igreja devem sempre previamente planejar objetivos para o crescimento da obra de Deus. cabe aos fiéis a responsabilidade de contribuir financeiramente para o reparo e manutenção da casa de Deus. a Igreja não conta com ajuda financeira do governo para sua manutenção, despesas, etc. o dinheiro que entra para a Igreja através de dízimos e ofertas tem propósito exclusivos de mantê-la, tanto em manutenção quanto com as despesas gerais usadas por ela. O padre também deve ser remunerado, com parte do dinheiro estabelecido pela sua liderança” (p. 43).

Ah! se todos os batizados reconhecessem e assumissem a Igreja como comunidade sacramental, unidos pelo Sinal de Deus, Jesus Cristo. “Então, ao lugar que o Senhor, vosso Deus escolheu para estabelecer nele o seu nome, ali levarei todas as coisas que vos ordeno: vossos holocaustos, vossos sacrifícios, vossos dízimos, vossas primícias e todas as ofertas escolhidas que tiverdes prometido por voto ao Senhor”, nos diz o Senhor (Deuteronômio 12,11-14).

Meu irmão e minha irmã, sejamos todos responsáveis e generosos com a Igreja. Lembremos que Igreja somos todos nós, como diz o Vaticano II. A Casa de Deus é uma Casa de Oração, nossa casa.

Observação para meditação: este artigo fala a realidade de sua comunidade ou paróquia? Faça as suas adequações. Boa reflexão.

 

Padre José Ronnes dos Santos Santana

Paróquia São Francisco de Assis, Fátima – Bahia

Diocese de Paulo Afonso – Bahia

Contato: (75) 3658.2020

 

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