Papa renuncia por problemas com saúde

A renúncia ao pontificado do papa Bento 16 anunciada nesta segunda-feira se deve a motivos de saúde e idade avançada, segundo declarou seu irmão Georg Ratzinger, de Regensburg, ao sul da Alemanha. “A idade oprime”, disse o também religioso Georg Ratiznger, de 89 anos de idade, em declaração à agência alemã de notícias “DPA”, nas quais comentou que o médico do sumo pontífice aconselhou ao papa que não faça mais viagens transatlânticas. O irmão mais velho do papa afirmou também que o sumo pontífice tem cada vez mas dificuldades para andar, o que complica sua vida pública, e ressaltou que seu “irmão quer mas tranquilidade a esta idade”. O papa fica cansado cada vez mais rápido, explicou Georg Ratzinger, que qualificou de “processo natural” a anunciada renúncia de Bento XVI e reconheceu que já conhecia de antemão a decisão anunciada hoje. Aposentado da vida ativa, Georg Ratzinger foi professor de musica da catedral de Regensburg e diretor do coro infantil da catedral. Em setembro de 2011, publicou o livro “Meu irmão o papa”, escrito em colaboração com o jornalista Michael Heseman, no qual conta, entre outras coisas, a vida religiosa da família, rigorosamente católica, e da oposição radical do pai a que os dois irmãos se alistassem nas juventudes hitleristas. Como será a eleição O processo de votação do papa é chamado de conclave e ocorre a portas fechadas, quando cardeais de diversas nacionalidades decidem quem será o próximo pontífice. Primeiro se distribuem as fichas para os cardeais. São escolhidos três escrutinadores. A ficha de votação será retangular e terá escrito em sua parte superior as palavras “EligooIn Summum Pontificem”. A parte inferior ficará em branco para que se preencha o nome do futuro papa. O preenchimento das fichas deve ser feito secretamente por cada um dos cardeais eleitores, que deverá utilizar uma grafia que impeça o reconhecimento. Após o voto, as fichas são depositadas nas respectivas urnas, misturadas e contadas. Se porventura o número das fichas não corresponder ao número de eleitores, é preciso queimá-las todas e realizar uma segunda votação. Se o número de fichas coincidir com o total de eleitores, inicia-se a apuração dos votos. Os votos são lidos e conferidos por três escrutinadores, que leem o voto em voz alta para todos os presentes. Após a apuração desses votos, os escrutinadores dão início à soma dos votos obtidos pelos diversos nomes, anotando o resultado numa folha separada. Em seguida, os escrutinadores fazem a soma de todos os votos que cada um obteve. Se ninguém obtiver dois terços dos votos, não haverá papa eleito e iniciará nova eleição. Haverá papa se algum dos nomes escolhidos obtiver dois terços dos votos. Em qualquer uma das situações, os revisores deverão verificar as fichas e anotações dos escrutinadores. Antes dos cardeais eleitores abandonarem a Capela Sistina, todas as fichas serão queimadas pelos escrutinadores. Após cada votação, é anunciado o resultado por meio da emissão de fumaça pela chaminé da Capela Sistina. A fumaça escura significa que ainda não foi escolhido o novo papa. A fumaça clara, que a escolha já foi feita. Brasileiros participarão da eleição Cinco cardeais brasileiros deverão participar do conclave que se reunirá para eleger o sucessor do papa Bento 16. Segundo a última lista do Vaticano, atualizada há duas semanas, há um total de 119 cardeais aptos a votar no conclave. Para poder votar na escolha do papa, o cardeal precisa ter menos de 80 anos. O Brasil tem um total de nove integrantes no Colégio Cardinalício do Vaticano, mas cinco deles já ultrapassaram a idade limite. Os cardeais brasileiros que poderão votar são dom Cláudio Hummes, de 78 anos, ex-arcebispo de São Paulo e atual prefeito emérito da Congregação para o Clero, dom Geraldo Majella Agnelo, de 79, arcebispo emérito de Salvador, dom Odilo Scherer, de 63, arcebispo de São Paulo, dom Raymundo Damasceno Assis, de 76, arcebispo de Aparecida, e dom João Braz de Aviz, de 64, ex-arcebispo de Brasília. Dom Eusébio Scheid, arcebispo emérito do Rio de Janeiro, está fora do conclave por ter completado 80 anos em dezembro. Também já ultrapassaram a idade limite os cardeais dom Paulo Evaristo Arns, de 91 anos, ex-arcebispo de São Paulo, dom Serafim Fernandes de Araújo, de 88, ex-arcebispo emérito de Belo Horizonte, e dom José Freire Falcão, de 87, ex-arcebispo de Brasília. A lista de eleitores no conclave tem cardeais de cerca de sete dezenas de países diferentes. Os cardeais italianos são os de maior número. Segundo o porta-voz do Vaticano Federico Lombardi, o conclave deverá ser realizado entre 15 e 20 dias após a saída de Bento 16. “Devemos ter um novo papa até a Páscoa”, afirmou Lombardi.

Compartilhar: