Basta uma olhadela no caos da corrupção e corrosão moral, social e ou comportamental pela qual passa a humanidade, para concluir: estamos afundando num mar de lamas! O pior é constatar que nesse naufrágio nem sequer a possibilidade de salvação seja algo viável, posto que todos os recursos possíveis e imagináveis Deus já nos ofereceu e agora “Jesus está dormindo” na retaguarda do barco. Descansa no sono dos justos! Sua parte nessa história Ele já cumpriu. Merece descanso. Em suma, essa é a história que Marcos nos conta (4, 35-41), para nos dizer que a salvação agora nos pertence. Depende de nós. Está em nossas mãos o destino que traçamos ou queremos atingir. Se o outro lado dessa história possui um porto seguro, se a preservação de nossa integridade depende da confiança que ainda temos na misericórdia divina, se é forte a ventania e a borrasca das tentações ainda constituem ameaças, se a barca de Cristo – sua Igreja – sente a força das ondas a penetrar em seus átrios, acordem Jesus! Orem, orem, clamem a Deus por sua misericórdia! Eis a força que nos resta… “Mestre, estamos perecendo e tu não de importas?” O apelo crucial daqueles que tomam consciência das ameaças a seu redor é a maior expressão de fé duma alma sedenta por salvação. É impossível que o Senhor não ouça esse grito de misericórdia. A força dessa oração é capaz de ferir os tímpanos de Jesus, que se levanta de imediato e se opõe às ameaças contra nossa integridade, sejam estas físicas ou espirituais. O aparente sono do Senhor é apenas um hiato para provar nossa fé, nossas dúvidas e inseguranças. “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Essa é a pergunta que hoje nos questiona. Quem acredita na presença de Cristo no barco de nossa existência, nada teme. Não há força alguma capaz de destruir nossa integridade quando temos Jesus no mesmo barco de nossa existência. Aparentemente, Ele dorme às vezes, mas seu Espírito jamais. Apenas nos prova, momentaneamente, pondo em xeque nossa fé. Dá-nos a consciência da fragilidade de nossas vidas, do medo que nos domina quando nossa fé se deixa abalar pelas circunstâncias e ameaças que circundam nossa existência. Essa tomada de consciência, ao mesmo tempo em que nos mostra o quão pequenos somos diante dos desafios da travessia da vida, também nos mostra o quão grande é o poder da fé que tem em sua retaguarda a proteção divina. Não há o que temer quando Cristo caminha, viaja conosco. Mesmo que aparentemente esteja dormindo, sua presença é a força que nos sustenta. Eis porque o selo da fé é o escudo cristão. “Não temas, pequenino rebanho!” Mesmo que o mundo se levante contra todos seus princípios e convicções de fé, nada temas! Mesmo que ironizem suas posições contrárias ao comportamento da grande maioria, que questionem suas regras de conduta moral e social, que ridicularizem sua defesa aos princípios éticos e basilares da preservação da vida, em especial os contrários ao aborto, eutanásia ou qualquer outro modismo que se venha a inventar sob os argumentos da liberdade do indivíduo, mesmo que tudo se volte contra sua fé, não temas! Jesus navegou neste mesmo barco. E ainda navega, apesar de seu aparente sono… Basta uma atitude nossa: orar! Pois quem dorme somos nós.
WAGNER PEDRO MENEZES
wagner@meac.com.br