Circula nas redes sociais um vídeo de um menino, dez a doze anos mais ou menos, com uma mochila às costas, ameaçando seus professores na tentativa de fugir da escola. A criança diz palavrões impublicáveis, prometendo matar a todos, inclusive seus pais e familiares e dizendo que Jesus não existe, mas o Diabo sim! Por diversas vezes se declara fã e seguidor deste… E deixa estarrecidos, sem ação, sem palavras os adultos ao seu redor! E deixa no ar uma pergunta: o que nossas crianças estão assistindo, aprendendo no ambiente familiar? Donde vem tamanho desrespeito à vida? Parece-nos perguntas sem respostas. Mas não. O que se ouve daquela criança totalmente revoltada com o mundo, com a vida, é um grito insano de uma sociedade sem Deus. Não há mais aquele desejo bem formulado pelos que se deixavam atrair pelas palavras de Jesus, tais quais aqueles gregos que se aproximaram de Felipe e lhe pediram: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus”. Tal desejo foi realizado e o que ouviram de Jesus foi um enigma sobre o sentido da vida: “Chegou a hora… Quem se apega à vida, perde-a… Agora o chefe deste mundo vai ser expulso… quando for elevado, atrairei todos a mim” (Jo 12, 20-33). Ou seja, sem a cruz, sem a renúncia, sem dor e sofrimento ninguém verá o Cristo glorificado entre nós. Sem a aceitação do calvário que aqui padecemos não haverá vitória ou qualquer salvação possível. O menino dessa escola é uma afirmativa clara e suscinta da descrença que nos assola. Ver Jesus tornou-se um premente desejo daqueles que apenas “ouviram falar” de sua proposta de mudanças radicais no padrão de comportamento humano, mas ignoraram a prática de suas palavras. Não basta o desejo de mudanças. O segredo do cristianismo autêntico passa, necessariamente, pela cruz, seu sinal de vitória, de glorificação divina! Quando o imperador Constantino, convertido à prática cristã, mandou colocar sobre o obelisco de Roma o estandarte da cruz, estava hasteando sua bandeira de vitória. Agradecia a Deus pela compreensão daquilo que se tornou seu lema imperial: “Com este sinal, vencerás”! Ora, se as cruzes sociais que hoje contemplamos, especialmente aquelas que nos assustam na dificuldade de educarmos nossas crianças para a fé, é preciso assumi-las com mais amor e carinho, com maiores convicções de que realmente só Jesus pode operar nesta causa, só Ele para nos tirar dessa sinuca em que nos encontramos, no descrédito que toma conta de tudo, de todos! Chegou nossa hora! Hora de retomar nosso desejo de conhecer Jesus como realmente nossa única esperança neste mundo em trevas. Hora de desejar ouvir a voz de Deus a glorificar seu Filho na aceitação da cruz. “Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo!”. Não, não é um trovão que nos assusta, a voz quase fantasmagórica que os céus nos revelam, mas é o próprio Pai quem nos aponta o caminho a seguir. É por nossa causa, pelas dúvidas que nos afligem, pela realidade que nos assusta, pelas incertezas que se apossam de nossas crianças, filhos e netos que desconhecem, ignoram, ironizam nosso Cristo e sua cruz. Pai, afasta de nós esse cálice, esse cale-se!
WAGNER PEDRO MENEZES
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