QUEM DIZEM QUE EU SOU?

Está aí a pergunta que não quer calar: Quem dizeis que é Jesus Cristo? Personagem histórico, ficção ou mera invencionice do misticismo humano? Ou um louco varrido disposto a mudar o mundo? Ou mais um dos muitos profetas a denunciar a exploração dos ricos sobre a fragilidade dos pobres? Quem foi ou é Jesus para você? Aposto que muitos dos meus leitores preferem o silêncio, a dar uma resposta coerente com suas convicções pessoais. Isso porque a incerteza paira em meio às divergências que os pensadores humanos mantêm vivas. Entre teorias, práticas e crenças que abafam a espiritualidade e religiosidade nata das carências que temos, permanece a dúvida. Quem é o Filho do Homem? Quem é, afinal, esse filho de Deus que também se diz Filho do Homem? Deus ou um pobre humano, um filho qualquer, mais um entre tantos que a aventura da vida colocou no seio da terra? Como vemos, a questão vai além da simples constatação de uma afirmativa pessoal e se compraz na pureza de uma resposta repleta de mistérios e verdade suprema: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo” (Mt 16, 16). Respeitem-se as devidas pontuações, a tonalidade, a revelação pausada e bem urdida de uma resposta inspiradora: o Filho de Deus vivo! Quem lhe revelou tamanho mistério, ó velho Pedro, ó rude pescador, filho de Jonas, ó feliz tradutor dos mistérios do “Pai que está no céu”! Vivo! O Filho de Deus (e do homem também) está vivo, vive entre nós. Querem revelação mais alvissareira para um povo que esperou tanto, que orou tanto, que nunca perdeu as esperanças em meio ao deserto de uma vida sem sentido? Pois Ele vive, está em nosso meio. É sobre o fundamento da Revelação, a base do reconhecimento de Pedro, que sua Igreja (não igrejas) é construída, edificada entre nós. Aqui está a chave: Tu és Pedro, Eu sou a Pedra em ti, em tua vida, em tua ação. A pedra, a base que muitos construtores rejeitaram. E ainda rejeitam. É sobre essa capacidade de discernimento e de reconhecimento que estaremos aptos a unir céus e terra, realidade humana e realidade divina, os filhos dos homens e o Filho de Deus! Esse é o grande mistério e ministério da Igreja que hoje somos. Igreja de Cristo, não dos homens. Unida ao Cristo, santificada por Ele, inserida na realidade de um mundo limitado, porém universal – esse é o significado do termo católico – e que segue a tradição apostólica. Sem essas chaves, esses detalhes da revelação feita a Pedro, nunca, jamais, entenderemos o valor e a importância de sermos membros de uma verdadeira vida eclesial, inserida no corpo místico de Jesus, unida a Ele. “Eu te darei as chaves”, disse Jesus. Mas igualmente, alertou: “Sem mim, nada podeis fazer”. Essa é a missão da Igreja no mundo, o ministério que nos cabe como igreja que somos! Una, santa, mas também frágil e pecadora se considerarmos nossas incertezas e infidelidades. Porém esqueçamos o quão pequeninos somos, quando Cristo nos diz o contrário: tudo o que ligarmos ou desligarmos na terra ou no céu terá efeito em nossas vidas.

WAGNER PEDRO MENEZES
wagner@meac.com.br

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