Muitos me perguntam donde tiro inspiração para escrever. A resposta é quase sempre a mesma: não sou eu, é o Espírito. Para muitos essa resposta parece pretensiosa e soa estranha, mas, com certeza, também questiona.A convicção de que toda e qualquer palavra de esperança só é autêntica quando vinda do sopro do Espírito traz-me não só seguridade e alegria, como também medo, incertezas, sensação de vazio muitas vezes. Essas questões nascem da consciência que tenho de minhas limitações e até dos pecadilhos da vaidade pessoal. Por isso, antes de qualquer início de um novo texto, faço sempre minhas preces de invocação ao Santo Espírito.
Nem por isso posso afirmar, categoricamente, serem essas linhas isentas de imperfeições. Longe de mim tamanha petulância. Sei de meus limites. De minhas vaidades, dos meus pecados, da minha indignidade. Mas sei também do velho ditado: Deus escreve certo por linhas tortas. Talvez me use, como com certeza usa a todos os que se postam como instrumentos em suas mãos. Até você, que nunca pensou nesta condição privilegiada que a fé nos proporciona. O Espírito da Perfeição usa das fraquezas humanas para nos renovar. Levar e elevar suas criaturas à condição mais sublime da vida: “Sede perfeitos, como meu Pai”. Que sejam novas todas as coisas!
Ora, uma das orações mais belas do cristianismo é exatamente a invocação do milagre de Pentecostes: “Vinde, Espírito Santo!”. Nosso mal maior é repetir nossas orações como papagaios, sem saborear, assimilar, digerir tudo aquilo que nossos lábios proferem, mas muitas vezes o coração não ouve. “Enchei os corações de vossos fiéis!” Quem não deseja para si um coração cheio de amor, de esperança, de alegria, de paz, de serenidade, de tudo que é bom? Nortear nossas existências em conformidade com os planos de Deus, em sintonia com sua Vontade e na confiança de que “tudo posso naquele que me consola” é acreditar na realização da promessa de Jesus em nunca nos deixar órfãos. Então, “acendei neles o fogo do vosso amor” é o grande desejo que a Igreja pede para seus fiéis; que a chama do amor divino, a luz que nos inspira e conduz nunca nos faltem. “Eis que vos enviarei um consolador, um advogado, o mediador, o paráclito” – foram estas as referências de Jesus à ação do Espírito sobre a vida da Igreja.
Ousamos pedir: “Enviai o vosso Espírito e tudo será criado!”. Tudo mesmo? Tudo. Até a ilusão da ciência humana de achar que pode criar nova vida a partir de “células sintéticas”. Mas isso é assunto ainda novo. O ato da Criação foi, é e será sempre prerrogativa Divina, nunca humana. Tudo que a humanidade imagina como obra sua tem uma única origem, o Ato da Criação. Ou seja, Deus. Não há nada de novo na face da Terra. Como afirmou um dos nossos, no passado: Na natureza nada se cria; tudo se transforma. Quais seriam as criações que pedimos, então, ao Espírito? Exatamente aquelas que nos faltam e que dependem única e exclusivamente de nossa ação, de nossa participação no aprimoramento da vida, tanto material quanto e principalmente espiritual. Criar o Homem Novo, o Mundo Novo pelos quais tanto aspiramos.
Só o fogo de um novo Pentecostes poderá “renovar a face da Terra”. Com nossa participação e efetiva ação divina. Com nossa luz. Com a humildade suficiente para reconhecermos nossa insignificância, mas também audácia para compreendermos nossos valores diante dos Planos de Deus. Há muitos que ainda não descobriram esse privilégio em suas vidas. Há muitos que caminham às cegas no mundo, sem usar da luz que Deus nos concedeu a cada um, quando nos santificou com seu Espírito. De Grande Otelo, humorista brasileiro, ouvi um dia uma frase genial: “Fiquei tanto tempo à luz de uma vela que acabei encontrando alfinetes na escuridão”. Então está dito: mesmo que sua luz seja tênue como a de uma simples vela, se você a valorizar, ela lhe apontará os alfinetes que espezinham sua vida, nossa vida. Só assim renovaremos a vida, o mundo.